São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Mercado aposta na queda da inflação

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Mesmo sem esperar um choque de juros, o mercado contava com uma pequena mudança na taxa do over-selic na segunda quinzena do mês. Apostava-se que o fim da coleta para o IPC-r de novembro, no dia 14, daria ao Banco Central maior visibilidade para ajustar os juros, adequando-os aos dados definitivos da inflação deste mês.
Como o BC manteve o over em 5,97%, sinalizando juro efetivo de 4,07% no mês, as demais taxas do mercado cederam. Na semana passada, o juro efetivo estimado pelo DI futuro para novembro baixou de 4,20% para 4,12% na BM&F.
Boa parte das instituições, contudo, ainda acredita que o Banco Central pode fazer um ligeiro ajuste para cima no over-selic, para fechar novembro com um juro real próximo do registrado em outubro.
Pelo menos até a semana passada, nada indicava a mudança. O BC manteve a taxa básica em 5,97% e a estimativa de juro efetivo em 4,07%. O ganho real fica em 1,04%, considerando-se um IPC-r de 3% para novembro.
A previsão do DI futuro para dezembro passou de 4,65% para 4,32%, mantendo a perspectiva de alta nominal de um mês para outro. Como dezembro tem 22 dias úteis, contra 20 de novembro, o custo do dinheiro cairá em relação ao que é cobrado hoje (0,20%).
As medidas do governo no câmbio –aumento do limite de isenção e ampliação das facilidades para a compra de importados– se constituem em mais um argumento do mercado em favor da aposta de queda da inflação em dezembro.
A projeção de taxa-over a 4,32% do DI futuro para o mês que vem embute uma expectativa de inflação de 2,58%, uma vez que o mercado está considerando, para dezembro, um juro real de 1,7%, igual ao de outubro.
As facilidades na importação de bens deverão ter importante papel na contenção dos preços no último mês do ano, mas é cedo para se afirmar que a inflação pode descer à casa dos 2,5% ou menos, como prevêem alguns analistas.
Pesquisas indicam que o setor de serviços não alterou a sistemática de reajustes mensais com a entrada em vigor do Plano Real. O impacto deste segmento nos índices de inflação, embora pequeno, não deve ser ignorado.
O fiel da balança deverá ser o 13º salário. Resta saber que destino os trabalhadores darão a este dinheiro. O comércio prevê vendas 10% superiores às de 93, mas os bancos também contam com incremento da caderneta de poupança.
Diante de tantas variáveis, as aplicações em CDB pré são muito arriscadas. Até porque os juros destes papéis já embutem a perspectiva de inflação mais baixa em dezembro. É mais seguro permanecer em ativos indexados ao CDI.

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