São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994 |
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Consumidores atrasam mais as prestações
FÁTIMA FERNANDES ;MÁRCIA DE CHIARA
A inadimplência no crediário cresceu 45,1% na primeira metade de novembro em relação a igual período do mês passado na cidade de São Paulo. O número de comunicados sobre atraso acima de 30 dias cresceu de 25.804 para 37.433 no período, revela a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). "O crescimento da inadimplência de setembro para outubro beirava os 20%. O salto deste mês reflete o pico do crescimento dos negócios no crediário entre agosto e setembro", diz Emilío Alfieri, economista da ACSP. Resultado: só agora o consumidor percebeu que assumiu dívidas acima do que poderia pagar. As lojas populares, com a clientela concentrada nas classes C e D, confirmam a tendência de aumento da inadimplência. Na rede de lojas Mafuz, por exemplo, os carnês com prestações atrasadas correspondiam a 3% da carteira de clientes do crediário, até o final de setembro. Hoje, eles representam 12%. E mais: o atraso, antes em média de 15 dias, já chega a 40 dias. "Com o aumento da inflação, a clientela de menor poder aquisitivo teve de gastar mais com produtos da cesta básica, aluguel e despesas de manutenção em geral. Sobrou, portanto, menos dinheiro para pagar as dívidas", diz Antonio Mafuz, proprietário. Sua expectativa é a de que, com a entrada da primeira parcela do 13º salário, no final do mês, a situação se regularize. Na rede de lojas Cem, o quadro é semelhante. Do total faturado com a venda a crédito em em junho, R$ 10 milhões, os carnês atrasados correspondiam a 1,3%. Em novembro, os negócios do crediário já somam R$ 80 milhões e a inadimplência é de 1,9%. Para Natale Dalla Vecchia, sócio da empresa, o crescimento de 45% no índice de inadimplência não assusta. Motivo: as vendas no crediário aumentaram 700% no mesmo período. Classe A em dia As redes de lojas que trabalham com público de maior poder aquisitivo não sentem tão fortemente o atraso ou interrupção no pagamento do crediário. A Casa Centro, por exemplo, trabalha com inadimplência praticamente nula. Heraldo Infante, diretor, informa que cerca de 1% de seus clientes que compram a prazo são mau pagadores. A empresa só financia em até três vezes. A Arapuã também opera com baixo índice de inadimplência. A direção da empresa informa que praticamente não há atraso no pagamento das prestações porque faz uma rigorosa seleção para conceder o crédito. As vendas a prazo na Arapuã representam entre entre 50% e 60% do seu faturamento. Nas lojas da periferia, esse percentual está próximo de 60%. Nos bairros nobres, chega a 50%. A rede financia em até dez vezes, com juros de 9% ao mês. "Trabalhamos com um público classe A que paga em dia", afirma Samuel Lafer, diretor da fábrica de móveis que leva seu sobrenome. Assim, ele também justifica a baixa inadimplência nas vendas a prazo. Texto Anterior: Estilo japonês é bom para o Brasil Próximo Texto: Venda com cartão deve crescer 10% Índice |
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