São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Estilo japonês é bom para o Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

O que é bom para o Japão pode ser bom para o Brasil.
A tese é defendida por Vicente Falconi Campos, 54, consultor da Fundação Christiano Ottoni, com sede em Belo Horizonte.
Segundo Campos, o TQC (Total Quality Control) ou Controle da Qualidade Total –método de gestão empresarial criado pelos norte-americanos e desenvolvido e difundido pelos japoneses– pode ser uma boa opção para o desenvolvimento do Brasil.
Campos esteve na Folha na última segunda-feira para falar sobre "O estilo japonês de gerenciamento". A palestra integra o ciclo "Qualidade Total", promovida pelo jornal e realizada sempre às segundas-feiras. Participaram aproximadamente cem pessoas.
O TQC surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos enviaram o professor Eduard Dening em 1950 para falar sobre estatísticas aos japoneses, que estavam com a indústria destruída. Além disso, a população estava sem poder aquisitivo.
Mas a experiência ajudou pouco. Quatro anos depois, o norte-americano Joseph Juran chegou ao Japão para falar sobre gestão.
Este já deu o mote aos empresários japoneses: "Se vocês quiserem revolucionar suas empresas, façam com que elas atendam as necessidades do consumidor".
Campos explica que aqui está uma das grandes diferenças do estilo japonês e do norte-americano. Enquanto o oriental prega a satisfação do cliente, o ocidental visa o lucro como primeira meta.
Outra diferença: o japonês tem um conceito holístico de sua empresa, ou seja, a vê como parte da sociedade. O funcionário também é visto como parte pensante da empresa, seja qual for sua posição.
Os norte-americanos acham que a empresa precisa ter alguns planejando e outros executando seus planos.
"Temos que nos liberar desses princípios", diz ele.
Para o consultor, no TQC tudo funciona baseado no princípio de relacionamento entre causa e efeito, ou também meio e fim.
Ou seja, as metas precisam ser estabelecidas em primeiro lugar. As metas estão no fim do processo empresarial. Este processo consiste, no fundo, em atender as necessidades do ser humano.
"Gerenciar é atingir meta por definição", acrescenta. Para se atingir as metas, é preciso fazer uma detalhada análise dos meios (que antecedem as metas).
Aqui entra o conceito do PDCA ("Plan, Do, Check and Action", ou planeje, faça, verifique e atue corretivamente, em uma tradução livre).
Este método deve ser usado para que a empresa possa atingir sua meta, seja qual for. "Os problemas estão nos fins, e não nos meios."

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