São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Prioridades de Maluf; Covas em São Paulo; Crítica à crítica; "Posfácio"; Culto à malandragem;

Prioridades de Maluf
"O editorial de 17/11 'As prioridades de Maluf' é leviano, baseia-se em informações falsas contidas em reportagem publicada dia 16/11. Não é verdade: 1) que a administração do engenheiro Paulo Maluf tenha gasto R$ 21,8 milhões com divulgação entre janeiro e outubro deste ano, e nem 2) que haja dispendido nesse período 160% mais que a administração passada em um ano, o de 1991. Ambos os números são mentirosos, fantasiosos. Segundo dados da Secretaria de Finanças do município –indisfarçáveis e à disposição desse jornal–, até o dia 16/11 a prefeitura havia gasto exatos R$ 12.693.100,24 com divulgação e editais de publicidade de licitações. Em segundo lugar, não é verdade ter esta administração gasto mais dinheiro que a anterior com divulgação. Na reportagem o autor anotou apenas a soma dispendida em um dos vários contratos simultâneos mantidos durante aquele ano pela administração do PT. Esqueceu-se (ou de esquecido se fez) de que a divulgação era executada através das diversas secretarias e órgãos da administração indireta. As despesas destas últimas com o item no ano mencionado –1991– não foram somadas aos R$ 8,4 milhões gastos naquele ano. Também não deixei de apresentar 'o total de despesas do primeiro semestre com publicidade'. Apenas não podia informar o não existente. Até julho deste ano não contava a prefeitura com serviços de divulgação. Nada gastou, portanto. Encerrado o contrato de 1993, só em julho a municipalidade voltou a assinar um novo. Até então, gastou apenas com a publicação de editais."
Odon Pereira, assessor especial de Comunicação da Prefeitura Municipal de São Paulo (São Paulo, SP)

"A reportagem publicada pela Folha (16/11) sobre gastos com publicidade da Prefeitura de São Paulo em 1994 contém dados equivocados. O total de R$ 21,8 milhões que teriam sido gastos com publicidade oficial de janeiro a outubro deste ano é fantasioso. Os números corretos, conforme constam do Sistema de Execução Orçamentária, são: 1) janeiro, 0; 2) fevereiro, R$ 889.713,42; 3) março, R$ 795.430,56; 4) abril, R$ 1.153.822,66; 5) maio, R$ 571.506,15; 6) junho, R$ 348.812,84; 7) julho, R$ 357.794,96; 8) agosto, R$ 484.806,72; 9) setembro, R$ 2.421.022,59; 10) outubro, R$ 1.608.190,34. Total de janeiro a outubro: R$ 8.631.100,24. Com os gastos previstos de R$ 2.437.000,00 em novembro e R$ 2.400.000,00 em dezembro, o total de 94 será de R$ 13.468.100,24, ou seja, muito menos que a soma estapafúrdia transmitida à Folha incorreta e irresponsavelmente pela vereadora Aldaiza Sposati (PT). Como os dados são errados, as comparações feitas com os gastos de publicidade da ex-prefeita Luiza Erundina ficam prejudicadas. Ao ouvir o 'outro lado', a Folha procurou o sr. Odon Pereira, que responde apenas pela publicação dos editais da prefeitura; informações sobre divulgação de assuntos de interesse público, quanto aos gastos, são de competência exclusiva do secretário de Finanças, Celso Pitta do Nascimento, e deste jornalista."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação – Se fosse atenta, a assessoria da prefeitura notaria que o editorial afirma que Maluf "comprometeu" –não que desembolsou– R$ 21,8 milhões de janeiro a outubro de 94. Esse é o critério correto, já que a lei federal 4.320/64, que rege os orçamentos, reza que o empenho cria a obrigação do pagamento de despesa. Se o município só desembolsou R$ 12.693.100,24 até 16 de novembro, está devendo algo em torno de R$ 9,1 milhões. Terá que pagar. Fatos distorcidos quem apresenta é a prefeitura, como revelam os flagrantes desencontros de Odon Pereira e Adilson Laranjeira. O primeiro, por exemplo, afirma que a prefeitura nada gastou com publicidade no primeiro semestre porque não contava com serviço de divulgação. O segundo diz que o município gastou R$ 3.759.285,63 de janeiro a julho. Ambos escamoteiam a enorme quantia já empenhada (e não paga) em publicidade.

Covas em São Paulo
"Dia 15/11, surgiu uma lágrima no coração de um paulista, temos um governador à altura de nosso Estado."
Fabio Antonio Monteiro Diogo (São Paulo, SP)

"A gestão de Fleury não foi muito diferente de seu antecessor e patrono, Quércia. Resta ao governo Covas concentrar uma auditoria austera no governo desse senhor."
Arlindo Cordenunzzi (São Paulo, SP)

Crítica à crítica
"Não concordo com a crítica de Nelson de Sá publicada em 17/11 sobre a peça 'Répétition', o último trabalho de Flavio de Souza. Eu rolei de rir, a peça é instigante o tempo todo, o final é de gênio e os três atores –ele não menciona que Flavio também é um deles– estão ótimos. Ao contrário do que diz Nelson de Sá, a qualidade excepcional de Flavio, e o que torna seus temas universais e atuais, é exatamente falar do relacionamento humano, num texto enxuto e hilário."
Marta Suplicy, deputada federal eleita pelo PT-SP (São Paulo, SP)

"Posfácio"
"O que realmente propôs Caio Túlio Costa no 'Posfácio' da Revista da Folha de 13/11? Informa que em São Paulo haveria eleição para governador e que os dois candidatos não pareciam reunir condições de 'transformar o pão em benefício público'. Tendo que escolher entre os dois únicos candidatos, deveríamos nos abster de votar e esperar uma solução divina?"
Ruy Ubaldo Ribeiro Júnior (São Paulo, SP)

"Caio Túlio escreve que Mário Covas, no Congresso, 'em vez de ajudar na modernização dos portos brasileiros, fez tudo para emperrá-la'. Esclareça-se: o senador defendeu a paridade entre trabalhadores e empresários no órgão gestor de mão-de-obra. Perdeu, de costas para a pseudo-modernidade dos lobbies empresariais, que queriam comer os ínfimos 2% de custo portuário que é o trabalho operário."
Paulo Matos (Santos, SP)

Culto à malandragem
"Na realidade, somos todos responsáveis por este estado de calamidade pública no Rio de Janeiro, sempre diluído pelo culto à malandragem."
Sebastian Rojas Archer (Rio de Janeiro, RJ)

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