São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Caminhão do Exército se perde a caminho do morro

Soldados revelam sinais de inexperiência em operação

CRISTINA GRILO; MARILENE MONTEIRO; WAGNER MATHEUS
DA SUCURAL DO RIO E FREE-LANCE PARA A FOLHA

Esquina das ruas Professor Gabizo e Heitor Beltrão, na Tijuca (zona norte). Um caminhão do Exército, com cerca de 15 soldados armados de fuzis, pede ajuda a um vendedor de laranjas. O motorista não sabia como chegar ao morro da Mangueira (zona norte).
A cena foi presenciada ontem às 10h pela Folha. O caminhão com soldados, que deveria participar da ocupação do morro, estava perdido a cerca de três quilômetros da favela.
A Folha apurou que parte dos soldados que estão sendo usados nas operações nas favelas não é do Rio. Com isso, o Exército estaria tentando evitar represálias às famílias de militares que moram no Estado.
Inexperiência
O tiro que o soldado Adilson Plázio Costa da Silva, 19, levou no sábado no morro da Mangueira foi atribuído por um oficial à inexperiência do soldado. De acordo com o oficial, que não quis se identificar, Adilson se expôs demais.
Os outros soldados que o acompanhavam também teriam cometido um "ato de inexperiência". Ao invés de se posicionarem para revidar o tiro, teriam parado para socorrer Adilson. Com isso, o atirador teve a oportunidade de escapar.
A Folha apurou também que há vários soldados voluntários atuando nas operações nas favelas cariocas. Estes soldados já teriam concluído o serviço militar obrigatório, mas teriam aceito participar das ações de combate ao tráfico e contrabando de armas. Para isso, teriam adiado sua baixa no Exército.
(Cristina Grilo, Marilene Monteiro e Wagner Matheus)

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