São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil lidera distribuição de coca colombiana

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil é hoje o maior canal de distribuição, para todo o mundo, da cocaína produzida pelos Cartéis de Medelin e Cali, na Colômbia. E as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo são atualmente um dos maiores eixos mundiais de exportação do pó colombiano.
Este é um dos cinco principais temas que começam a ser debatidos a partir de hoje em Nápoles (sul da Itália), na Conferência Mundial sobre Crime Organizado, promovida pela ONU.
Trata-se da primeira reunião de "primeiro escalão" realizada no mundo para debater o tema da criminalidade. Participam do evento ministros do Interior e da Justiça de mais de 40 países.
A ONU escolheu Nápoles para o evento porque é justamente nessa cidade que nasceu a "Camorra", máfia napolitana.
Os dados que convergem a Nápoles são distribuídos pela ONU, pela Interpol (a polícia internacional) e pela Drugs Enforcement Administration (DEA), a agência norte-americana de combate ao narcotráfico internacional.
Entre os documentos a serem distribuídos na conferência constam relatos elaborados pelo Departamento de Estado dos EUA. Em um deles, obtido com exclusividade pela Folha, o Brasil aparece numa posição nada animadora.
Diz o documento que o Brasil está em segundo lugar na lista mundial da lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. E, agora, segundo o documento, o Brasil começou também a lavar dinheiro para a máfia italiana. Lavar dinheiro significa converter capital ilegal em bens de consumo, propriedades, ouro e jóias.
Será salientado na conferência que o Brasil está hoje entre os quatro maiores entrepostos do mundo no tráfico de cocaína. E, em 1994, o país chegou ao "clube" dos seis maiores fornecedores mundiais de éter e acetona.
Diz o relatório norte-americano que "centenas de milhões de dólares passaram entre os EUA, Europa e Brasil, nos últimos anos, com o movimento centrado em São Paulo e no Rio de Janeiro".
Outro documento obtido pela Folha, assinado pelos pesquisadores Tim Wall e Nancy Borman, dos escritórios da ONU em Nova York (EUA) e Viena (Áustria), atesta que as principais rotas de cocaína do mundo "estão se organizando do Brasil". A principal rota apontada sai da Bolívia, passa pela Colômbia, por São Paulo, Rio e termina em Lagos, capital da Nigéria (veja mapa ao lado).

Texto Anterior: Caminhão do Exército se perde a caminho do morro
Próximo Texto: Exército desocupa Mangueira após 36 horas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.