São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Consumo aquecido pode causar falta das carnes típicas do Natal

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As carnes típicas do Natal, como peru, chester, pernil e tender podem faltar neste ano.
Os supermercados anteciparam as compras e esperam crescimento de 20% nas vendas sobre 1993. A produção, no entanto, aumentou, em média, 15%.
"O abastecimento vai ser apertado", diz Firmino Rodrigues, presidente em exercício da Associação Paulista de Supermercados.
É que a maioria das indústrias planejou a produção antes do real, quando o consumo de alimentos não estava tão aquecido.
A Chapecó, por exemplo, aumentou em 15% a produção de tender.
"Se tivéssemos planejado, daria para crescer 35% tranquilamente", diz Fernando Cayuela, superintendente comercial.
A Perdigão produziu 20% mais de chester e 16% mais de tender em relação ao ano passado.
Segundo João Rozário da Silva, vice-presidente comercial, teria mercado para uma oferta 25% maior.
"As indústrias não esperavam esse incremento nas vendas", diz Walter Matteucci, gerente de carnes in natura da Sadia. Desde 1º de julho, empresa vende 15% mais de salsicha, linguiça e mortadela.
Neste Natal, a Sadia vai despejar no mercado 15 milhões de quilos peru e 1,5 milhão de quilos de Fiesta, o superfrango. Isso é 15% mais do que em 1993.
Matteucci conta que a oferta das aves é planejada com dois anos de antecedência, inclusive com a importação de ovos do Canadá. É difícil, portanto, alterar a produção de uma hora para outra.
Já no caso da carne suína, há mais flexibilidade. Por isso, a Sadia resolveu canalizar parte da procura da carne de ave para o pernil.
Resultado: a empresa, que planejava aumentar em 20% a oferta de pernil neste ano sobre 1993, está produzindo 30% mais.
Para isso, comprou matéria-prima junto a suinocultores que não são seus fornecedores tradicionais.
A Chapecó resolveu a escassez de matéria-prima de outra forma: trouxe do Canadá 300 toneladas de carne de porco. Essa carne vai direto para produção de presunto.
Com isso, o pernil nacional, de menor tamanho, fica para a produção de tender, explica Cayuela.
A Perdigão também reforçou a oferta de carnes para o final do ano. Em novembro e dezembro, está desviando 20% das exportações de frango para o mercado interno, conta o vice-presidente, seguindo acordo firmado com o governo.
Segundo ele, os grandes supermercados anteciparam as compras. Desde de agosto estão estocando produto. Tanto é que 80% da produção da Perdigão já foi vendida.
A Sadia também já comercializou 80% do tender. No ano passado, nesta época, a empresa tinha vendido só 40% da produção, conta José Mayr Bonassi, diretor de produtos industrializados.
É maior neste ano o interesse de compra por parte dos pequenos comerciantes de alimentos, informa Cayuela.
Wilson Tanaka, presidente do Sicovaga, que reúne os pequenos supermercados, diz que muitos estabelecimentos que em 1993 não se abasteceram com produtos natalinos voltaram às compras neste ano.

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