São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Sony lança selo para novos músicos

ANDRÉ FORASTIERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Sony Music deve anunciar nos próximos dias o lançamento do selo SuperDemo. Será ligado ao Chaos, especializado em novos artistas. O novo selo será comandado por Elza Cohen, idealizadora e oraganizadora do festival que levou o mesmo nome.
Os primeiros lançamentos do selo serão o grupo recifense Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis, produzido por Frejat, do Barão Vermelho.
O segundo será o álbum do grupo de rap carioca Planet Hemp. Os dois discos têm lançamento programado para janeiro. Devem ser seguidos por outros três lançamentos em 95, inclusive uma coletânea.
Enfim desembaçou. Foi quase um ano de conversa e desconversa do SuperDemo com a Sony. Nos últimos meses, se definiu que o prejeto do novo selo se resumiria a uma coletânea com o Jorge Cabeleira, Planet Hemp e, talvez, os brasilienses do Cabelo Duro e o carioca Coma. Os grupos que mais acontecessem ganhariam discos próprios.
O que mudou de lá para cá? Sei de pelo menos três razões, deve ter mais. Primeiro, o pessoal da Sony ouviu três faixas produzidas por Frejat para o o Jorge Cabeleira e caiu para trás.
Segundo, o Planet Hemprecebeu uma oferta para assinar com o selo Banguela, aqule que você está cansado de saber que é dos Titãs/Warner e tal.
Terceiro, outras gravadoras percebendo a demora da Sony em defonir o projeto, começaram a namorar Elza Cohen.
O Banguela já tem gente pra caramba –alem de Maskavo Roots, que acabou de gravar e Kleiderman, que está para sair, tem pelo menos mais uns cinco projetos no forno de vários tipos. Inclusive três coletâneas regionais, como o "Alface", reunindo bandas de Curitiba.
E um novo disco dos Raimundos para o primeiro semestre de 95 –possivelmente com o sanfoneiro Zenilton.
A Sony tem um currículo impressionante com novos talentos. Emplacou Skank e Gabriel. Investiu bonito em Chico Science, que não estourou, mas também não faz feio. Abrir nova frente para o SuperDemo é bola dentro.
Até porque essa cena toda de bandas brasileiras não vai para a frente enquanto não tiver gente vendendo disco para caramba e, mais que isso, deixando claro que está vendendo disco para caramba. Para isso é imprtante que o estouro aconteça na grande vitrine artística do Brasil, o Rio. Que além de tudo, é sede das cinco grandes gravadoras.
Também por isso, é especialmente acertada a escolha de Jorge Cabeleira e Planet Hemp para abrir o projeto.
Jorge Cabeleira é rock nordestino, no sentido que Alceu Valença é rock nordestino. Ensolarado, animado, progressivo, mas roqueiro. Planet Hemp é rock com banda, fumeta e pesadão. Duas bandas com toda chance de acontecer no Rio, talvez até mais, inicialmente, que em São Paulo.
Melhor que tudo, São Paulo se tornou o grande polo para novas bandas basicamente por causa do Banguela. Se a Elza fizer no Rio o papel que o Miranda tem feito aqui em São Paulo, a coisa toda pode avançar para caramba em muito pouco tempo. Ela já tinha quase todas as condições para isso, inclusive um currículo impecável em relação à descoberta de novos talentos no festival SuperDemo. A que faltava, agora ela tem: um selo nas mãos.
Não sei se minhas recentes reclamações contra o projeto original da coletânea SuperDemo ajudaram em alguma coisa. não sei se exigir um disco só para o Jorge Cabeleira saindo já este verão desempatou alguma coisa.
Se sim, ótimo. Tenho braços longos e dou tapinhas nas minhas próprias costas. Se não, ótimo também. É bom saber que ninguém te lê. dá mais liberdade, sabe...

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