São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Depressão deixa de ser "mal da idade"

PAULO HENRIQUE BRAGA; LARISSA PURVINNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sintomas de depressão costumavam ser confundidos frequentemente com tristeza ou "baixo astral" típicos da adolescência, o que podia fazer com que os pais ou amigos não estimulassem o deprimido a buscar ajuda.
Segundo o psiquiatra Marcos Mercadante, essa atitude vem mudando. "A incidência de depressão entre teens aumentou. O número de estudos internacionais sobre o tema também."
Ele afirma que os pais têm procurado especialistas para os filhos. "O melhor é buscar um profissional", diz Mercadante, que trabalha com teens na Santa Casa de São Paulo.
Para Wimer Botura Junior, presidente do Comitê de Adolescência da Associação Paulista de Medicina, há menos preconceito contra terapias. "Hoje um garoto diz que não vai jogar bola porque tem terapia. Há dez anos, ele seria chamado de louco."
Clóvis Francisco Constantino, diretor da Sociedade de Pediatria de São Paulo confirma o aumento. "Os pais trazem os filhos para tratar de doenças e mencionam sintomas depressivos. Isso tem acontecido diariamente, o que não ocorria há uma década."
O problema pode ser causado por doenças orgânicas, uso de drogas ou ser uma consequência de um choque, uma perda ou de mudanças bruscas, comuns durante a adolescência.
Ainda não há um estudo conclusivo sobre as causas do aumento de casos de depressão entre os adolescentes.
Para a psiquiatra Karla Vanessa de Souza Soares, autora de uma tese sobre depressão, o ingresso precoce no mercado de trabalho pode ser um motivo.
São Paulo foi a cidade que apresentou os maiores índices de sintomas depressivos. Dos entrevistados, 18,3% apresentavam desânimo, 13,3% tinham irritabilidade e 13,1% falta de apetite.
Essas porcentagens caem em Brasília (12%, 7,6% e 9,3%, respectivamente) e em Porto Alegre (16,4%, 9,8% e 7,8%).

*Colaborou LARISSA PURVINNI da Reportagem Local.

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