São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Hamas promete vingança contra OLP

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O grupo islâmico palestino Hamas ameaçou ontem vingar-se da Autoridade Palestina pelo confronto de sexta-feira, em que pelo menos 15 pessoas morreram e 200 ficaram feridas.
"O Lasam (braço armado do Hamas) tem ordem de responder ao massacre. A Autoridade Palestina ficará surpresa quando vir a nossa vingança", afirma o comunicado do Hamas, em um claro desafio ao líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Iasser Arafat.
O Hamas, maior opositor do acordo de paz entre Israel e a OLP, prometeu ainda continuar com os ataques a alvos judaicos.
A tensão nos territórios ocupados por Israel cresceu depois do conflito entre radicais islâmicos e a polícia palestina, elevando os temores de uma guerra civil. A faixa de Gaza está desde maio sob autonomia palestina, governada pela OLP.
Um soldado israelense foi morto ontem na faixa de Gaza por integrantes do Hamas. O sargento Gil Dadon, 26, foi alvejado quando estava de plantão na entrada do assentamento de Netzarim.
O Hamas pediu ainda a realização de eleições palestinas para escolherem um "líder legítimo" que substitua Arafat. "As eleições são o único meio de resolver a crise iniciada após o massacre."
Arafat voltou a acusar os grupos radicais de iniciarem a confusão de sexta-feira. Mas, para tentar acalmar os ânimos, resolveu libertar pelo menos dez membros da Jihad (outro grupo radical que se opõe ao processo de paz) que estavam presos pela polícia palestina.
"Apesar de tudo o que ocorreu, nós fazemos um apelo para a união nacional", disse ontem Arafat em sua primeira manifestação após o conflito de sexta-feira.
O primeiro-ministro israelense, Ytzhak Rabin, afirmou ontem que o conflito de sexta-feira era "um assunto interno dos palestinos". Ele autorizou um envio de mais soldados à faixa de Gaza, onde moram 5.000 colonos judeus. Já existem 1500 soldados israelense na região.
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, cobrou ontem da comunidade internacional mais apoio a Arafat e à Autoridade Palestina.
"Se não apoiarmos Arafat, o mundo se encontrará com uma bomba nas mãos", advertiu o presidente egípcio. Arafat vem cobrando apoio dos países ricos desde a assinatura do histórico acordo de paz em setembro de 1993.
Arafat voltou a ser o alvo de protestos que ocorreram em várias partes do mundo árabe. Na Cisjordânia, vários distúrbios foram registrados nas cidades de Hebron, Belém e Tulkarem. Em Tulkarem, os soldados israelenses impuseram toque de recolher.
Palestinos protestaram também na Síria, acusando Arafat pelas mortes. "És um traidor e acabarás como Sadat (presidente egípcio que fez um acordo de paz com Israel em 1979 e foi morto em 1981)", dizia um dos cartazes.

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