São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 1994
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Por que me ufano

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – É emocionante acompanhar a trajetória política dos nossos ditos homens públicos e vibrar quando eles, depois de muita luta e desprendimento, conseguem alcançar seus objetivos que, obviamente, são os de todos os brasileiros.
Assim, por exemplo, não há leitor que não se comova ao saber que, enfim, o nosso governador Luiz Antonio Fleury Filho acaba de conseguir sua merecida aposentadoria. Ele já está com 45 anos e, como qualquer cidadão brasileiro trabalhador, merece o benefício. Ele se aposenta com R$ 8.000, um pouco mais que a média normal de aposentadorias.
Como diz seu assessor, "é direito dele". É por essas e outras que tanto nos orgulhamos das leis brasileiras.
Outro momento emocionante nos foi concedido pelo filho do ex-governador e senador eleito Antônio Carlos Magalhães, Luís Eduardo.
Como bom filho, ele não tem conseguido se conter de tanta felicidade quando fala nas vitórias do pai na Bahia. O Painel de sexta-feira nos revelava o motivo de tamanho regozijo: "Um dos detalhes que (Luís Eduardo) gosta de lembrar é que ACM não tem mais nenhum adversário de peso com mandato". Emocionante, não acha?
Fleury lembra que o ministro da Fazenda, Ciro Gomes, 37 anos e três de seca, também se aposentou. É enorme a nossa galeria de heróis!
Ele está deixando o Estado de SP com uma dívida quatro vezes maior do que aquela que recebeu de Quércia –e que já era enorme. Mas como o próprio Fleury diz, as dívidas não aumentaram, apenas ficaram agora transparentes.
Voilà! Esta é a palavra-chave da democracia: transparência. Todo político moderno tem de saber usá-la.
Tenho certeza de que foram sempre transparentes, praticados nos limites das regras do jogo democrático, os médotos usados por ACM para liquidar os seus adversários. Daí o justificado orgulho do seu filho.
Fleury, Luís Eduardo, ACM e Ciro Gomes são paradigmas que vão nos ajudando a balizar os contornos de uma democracia sólida. E isso nos deve encher de orgulho!

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