São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994
Próximo Texto | Índice

País bate recorde na exportação de frutas

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

As exportações brasileiras de frutas devem crescer até 21% este ano, alcançando entre US$ 150 milhões e US$ 160 milhões.
A avaliação foi feita pela Valexport, uma associação de fruticultores do Vale do Rio São Francisco, no Nordeste, e por técnicos do governo. Em 93, o Brasil faturou US$ 132 milhões.
As vendas de frutas têm aumentado mais de 25% ao ano, puxadas pelo melão, uva e manga nordestinos e pela maçã de Santa Catarina.
Eles devem responder este ano por mais de 60% do valor total das exportações de frutas.
Os saltos mais expressivos nos últimos três anos foram dados nas regiões Sul e Nordeste do país.
As vendas de maçã, por exemplo, pularam de US$ 1,7 milhão em 91 para US$ 15 milhões em 94, de acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo.
No caso da uva, o Vale do São Francisco deve exportar perto de 1,8 milhão de caixas de uva-itália este ano, 50% mais que o volume embarcado em 93.
Fernando Almeida, diretor da Valexport, estima que a região vai obter receita entre US$ 45 e US$ 50 milhões nas vendas de uvas e mangas, contra os US$ 30 milhões de 93.
"As vendas só não serão maiores devido ao aquecimento do mercado interno, em função do Plano Real e da quebra da safra paulista", afirma o diretor da Valexport.
Devem aumentar, também, as exportações de melão, cujo principal pólo de produção situa-se na região de Mossoró (RN).
Segundo Américo Maia, da Pró-Fruta, associação de produtores de Mossoró, a receita com as exportações de melão podem atingir US$ 34 milhões, valor mais elevado que os US$ 30,5 milhões de 93 e mais que o dobro dos US$ 15,9 milhões de 91.
O Vale do São Francisco está realizando este mês a primeira exportação de uvas para os EUA, segundo Fernando Almeida.
Três navios carregados com 40 mil caixas de "Brazilian Grapes", a marca da uva-itália produzida na região, chegam a Nova York até o próximo dia 30.
"A nossa estratégia é colocar uva nos supermercados norte-americanos em novembro e dezembro, antes dos Chile, que só exporta a partir de janeiro", diz Almeida.
A Valexport avalia que os embarques para os EUA somem cerca de 300 mil caixas nesta safra, número mais que modesto comparado aos 40 milhões de caixas que os chilenos vendem anualmente aos Estados Unidos.
Amostras de uva também estão sendo enviadas ao Oriente Médio, à Coréia do Sul e a Hong-Kong, no continente asiático.
Os produtores de maçã planejam exportar 2 milhões de caixas em 95, faturando mais de US$ 20 milhões, segundo André Gaudie Leite Filho, diretor do "Apple Brazil", um pool de agricultores catarinenses e gaúchos.
Até 97, eles pretendem elevar as vendas para 4 milhões de milhões de caixas.
"Para melhorar a aceitação de nosso produto no exterior, estamos investindo em porta-enxertos livres de vírus e no corte de maçãs pequenas durante o desenvolvimento dos frutos", diz.
Os europeus preferem as maçãs maiores, diz Leite Filho. As variedades exportadas são a Gala e a Fuji.
O Brasil tornou-se exportador de maçã por causa da quebra na safra européia de 91. Itália e França, principais produtores, perderam quase metade da safra em função de problemas climáticos.
Produtores brasileiros colocaram em 92 nos supermercados europeus 1 milhão de caixas de 18,5 kg, ao preço de US$ 20 a caixa.
Para aproveitar a brecha, criaram no final daquele ano o "Apple Brazil", que virou marca das maçãs de Fraiburgo (SC).
O preço da caixa baixou para US$ 10,50 em 93 com a normalização da produção da Europa, mas o país conseguiu vender 1,8 milhão de caixas, no valor de US$ 11,8 milhões.
Apoiados na distribuidora holandesa Van Dick Delft, os agricultores exportaram à Europa este ano 1,5 milhão de caixas, que geraram a receita de US$ 15 milhões.
O volume baixou em função da queda na safra catarinense, provocada pelo excesso de chuvas, mas o preço lá fora melhorou.
Segundo Leite Filho, diretor da Agrícola Fraiburgo, as maçãs do Brasil desembarcam na Europa a partir de março, ocupando o vácuo entre o fim da safra européia a o início da oferta da Nova Zelândia, em junho.

Próximo Texto: Empresa vende fruta desidratada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.