São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994 |
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Exército vai tolerar tráfico na Mangueira
FERNANDO RODRIGUES
"Poderão ainda estar presentes alguns elementos de nível baixo na hierarquia do tráfico (na Mangueira). Mas isso não representa grande problema", disse o coronel Ivan Cardozo, porta-voz do Exército para a Operação Rio. A Operação Rio é resultado de um convênio assinado em 31 de outubro entre os governos federal e estadual. Até o dia 30 de dezembro o Exército comandará todas as operações de combate ao tráfico de drogas e ao contrabando e posse ilegal de armas no Rio. A reportagem da Folha constatou ontem que o tráfico funcionava normalmente na Mangueira (leia texto abaixo), com adultos e crianças entregando a droga. Indagado se o tráfico seria tolerado, Cardozo disse: "Até o momento que for julgado necessário (...) Até quando forem úteis para nossas investigações." Essa declaração de Cardozo contradiz sua entrevista do dia anterior. No domingo, o porta-voz do Exército havia dito que a Mangueira era "uma área limpa do crime organizado". Segundo Cardozo, os traficantes que ainda atuam na Mangueira estariam sendo "observados" por soldados do Exército. Estariam à paisana e infiltrados na favela. "Continuamos efetuando ações veladas. O Exército não abandonou a Mangueira. Não passe essa conotação", disse Cardozo. Essa declaração do militar também contrasta com outra que havia feito no dia anterior (leia texto sobre a desocupação do morro da Mangueira nesta página). Outras ações O Exército decidiu ontem não invadir nem ocupar favelas no Rio. Foram escolhidos apenas cinco locais para controle de trânsito. Os militares montaram o que chamam de Postos de Controle de Trânsito (PCTrans) em três favelas da zona sul (Pavão/Pavãozinho; Chapéu Mangueira e Dona Marta) e duas da zona norte (Borel e Turano). Não estava prevista invasão. Os PCTrans começaram a ser montados a partir das 8h. Não há prazo para que as ações sejam suspensas. Como de costume, o Exército não quis divulgar o saldo da operação. Vídeo Continua vetado ao acesso da imprensa a locais onde os militares decidirem invadir e ocupar. Ontem, Ivan Cardozo disse que a proibição "visa proteger a integridade física dos jornalistas e resguardar a identidade dos soldados que participam da operação". Os militares gravaram em vídeo a ocupação da Mangueira. "Mas a 'avant-premiere' é nossa", disse Cardozo. O Comando Militar do Leste quer assistir a fita antes de liberá-la para a imprensa. Texto Anterior: PT vai recorrer à publicidade para sua campanha de refiliação Próximo Texto: Exército e Estado travam duelo Índice |
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