São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994
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PM critica ação do Exército

DA SUCURSAL DO RIO E DO ENVIADO ESPECIAL

O porta-voz da Polícia Militar do Rio, coronel Silênio do Espírito Santo Loureiro, criticou ontem a Operação Rio, que visa combater o tráfico de drogas no Estado.
Em entrevista à Folha, Loureiro negou que a PM tivesse acertado com o comando da operação sua permanência no morro da Mangueira depois da saída das tropas do Exército, realizada anteontem.
"O combinado foi que a PM participaria da operação e deixaria o morro com eles (o Exército)."
O porta-voz da PM ironizou as declarações do comando da operação de que a Mangueira tinha ficado livre de bandidos e traficantes.
Informado de que a Folha havia flagrado que a atividade do tráfico retornara ao normal, afirmou: "Li no jornal que não tem mais bandidos na Mangueira, por isto o Exército saiu de lá. Uma velhinha disse que agora está tudo bem na Mangueira. Eu acredito", disse rindo.
Logo depois, sério, afirmou que os traficantes sequer deixaram a Mangueira. "O tráfico não voltou porque nunca saiu de lá. O Exército pode ficar 350 mil anos na Mangueira que não vai acabar com o tráfico", disse.
Afirmou que nenhum país "combateu crime organizado com tropas militares". Segundo ele, o combate tem que ser feito com "inteligência e investigação".
Para Loureiro, operações como as desenvolvidas pelas Forças Armadas nos morros do Dendê e da Mangueira incomodam a população, geram casos de arbitrariedade e poucos resultados.
Loureiro criticou também o tipo de revista que, em alguns casos, foi feita pelos militares. Segundo ele, uma revista mais detalhada tem que ser feita em local privado para não constranger as pessoas.
O coronel afirmou que a operação comandada pelo Exército na Mangueira foi semelhante a outras já realizadas por sua corporação. "O resultado é o mesmo que a PM conseguia com 40 homens."
Segundo ele, o Exército levou canhões para o morro apenas "para mostrar que tem". "Não vai dar tiro de canhão no morro, vai?"

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