São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994
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Sabesp cobra ar em vez de água em SP

DA FT

A falta d'água tem trazido um outro problema para os moradores de São Paulo. Quando o fornecimento é retomado, o ar que entrou nos canos de abastecimento é empurrado pela água e, ao passar pelo hidrômetro, faz sua turbina girar e computá-lo no consumo. Segundo a Sabesp, o problema não é significativo (leia texto ao lado).
Na casa do funcionário público Antônio Fernando Garcia, 47, que mora em Guaianazes (zona leste de SP), quando a água voltou, na madrugada da última sexta, sua torneira ficou 2min37s liberando apenas ar. Durante esse período, o hidrômetro registrou um consumo de 0,2 m3.
Como em Guaianazes falta água dez dias por mês, ao todo seriam 2 m3 gastos. Garcia diz consumir 11 m3 mensalmente. No fim do mês, portanto, 18% do gasto seria de ar. O ar ainda é pago duas vezes, pois a Sabesp duplica o valor da conta para cobrar o serviço de esgoto. "Acho um absurdo ter que pagar por uma quantidade de água que na verdade é ar", afirmou Garcia.
"As pessoas reclamavam que estavam em racionamento e tinham um consumo maior", disse o engenheiro Odônio dos Anjos Filho, 30, presidente da Assemae.
Para o engenheiro do Liceu de Artes e Ofícios Antônio Linus Rech, 50, especialista em hidrometria, é tecnicamente impossível calcular o prejuízo exato que o ar causa em uma cidade. Em São Paulo, 4,5 milhões de pessoas são afetadas pelo racionamento.
Segundo João Apolinário, diretor do Sintema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente), as regiões mais periféricas são as mais afetadas.
Para a professora de direito da USP Vera Helena de Mello Franco, que mora em Interlagos (zona sul), a Sabesp deveria ser responsabilizada pelo Código do Consumidor.

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