São Paulo, terça-feira, 22 de novembro de 1994
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Os novos pioneiros - 3

LUÍS NASSIF

DE LAS VEGAS – Assim como no caso da Microbase (narrado na coluna de ontem) foram os desafios das condições internas do país que permitiram a quatro empresas nacionais –as pequenas Onion e Octus, a média Nutec e a grande Itautec– inovarem o mercado mundial de terminais.
O primeiro desafio era a necessidade de baratear sistemas de transmissão de dados, obrigados a transitar pelas caras e lentas redes nacionais. O segundo, a integração de plataformas diferentes, já que a falta de padronização fez com que as grandes corporações brasileiras misturassem mainframes (computadores de grande porte), plataformas Unix (de médio porte) e redes de micros.
Dessa soma de dificuldades, nasceram soluções bastante inovadoras.
A pedido do Bradesco, a minúscula Onion –do engenheiro Jenner José Cruz, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), desempregado pela crise da indústria aeroespacial brasileira– criou Onion Close View, software de armazenamento e recuperação de dados, e venceu concorrência enfrentando gigantes mundiais, como a IBM e a Unisys. Ganhou graças aos dispositivos de compressão (necessários para baratear a transmissão de dados), segurança e atendimento.
O programa permite ao banco armazenar as assinaturas de todos os correntistas e recuperá-las em qualquer terminal, com os dados básicos do cliente.
Também foram os custos de transmissão de dados que permitiram à mineira Octus –de quatro colegas da Universidade Federal de Minas Gerais– desenvolver um sistema de compressão de dados, o Densus, inédito no mundo. Enquanto hits, como o PKZip, permitem comprimir arquivos exclusivamente em ambientes DOS, o Densus opera não só em DOS, como também em qualquer outro tipo de sistema operacional, permitindo que um arquivo seja enviado condensado de um sistema Unix para um PC.
Terminais gráficos
A Nutec –criada por dois ex-funcionários da Edisa, fabricante brasileira de terminais para sistemas Unix (plataformas para grandes aplicações, mas que tem a desvantagem de uma interface pobre, em ambiente não gráfico, além de terminais burros)– começou a trabalhar solução baratas que permitissem transformar terminais em ambientes inteligentes e gráficos.
Em 1991, depois de sua primeira participação internacional –no fórum anual do SCO, o maior desenvolvedor Unix, na Califórnia– a Nutec foi convidada pela Display Industry Association –que congrega fabricantes de terminais, gigantes do porte da DEC e da HP– para definir uma padronização a ser utilizada por todos os fabricantes de terminais.
Recentemente a Acer –gigante asiático da informática– assinou contrato com ela, criando linha especialmente adaptada para utilizar o seu produto.
O sistema Grip
Também foi a experiência bancária que permitiu à Itautec desenvolver uma quase plataforma para transações bancárias –o Grip– integrando plataformas diversas, como o Unix, o DOS e redes Novell. O sistema foi desenvolvido pelo banco Itaú há 14 anos, para superar problemas com os mainframes da IBM. Seu papel consiste em receber as informações do aplicativo, ir até o banco de dados central, cobrar as informações e devolvê-las para o aplicativo –tudo de maneira integrada e segura.
Os sistemas disponíveis para micros não proporcionavam essa integração. Corria-se o risco da operação ser abortada numa ponta, mas o terminal registrar sua concretização na outra.
O Grip acabou se convertendo no único OLTP (Processo de Transações On Line) do mercado internacional, permitindo baratear enormemente o custo de aquisição de máquinas. Para entrar no mercado norte-americano, aliou-se a um parceiro que é especialista em avaliar sistemas OLTP para a Novell e a IBM. A previsão é de que, no quinto ano de operação, o produto esteja vendendo US$ 20 milhões anuais.

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