São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Associação resgata filmes raros em 16 mm

RICARDO CALIL
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Em janeiro de 1995, ano do centenário do cinema, o Brasil vai ganhar sua primeira associação nacional de colecionadores particulares de filmes.
Os organizadores da associação pretendem levar ao público títulos raros ou pouco acessíveis, tanto no circuito comercial quanto no de cineclubes e cinematecas (veja relação em arte ao lado).
A associação vai trabalhar apenas com filmes de 16 mm, um produto hoje condenado à extinção. A maior parte dos títulos raros está em rolos com essa largura.
Abandonado pela TV (que adotou o vídeo U-Matic) e pelo cinema (que prefere filmes em 35 mm), o 16 mm perde em qualidade de imagem e som para seus concorrentes.
Mas, segundo Archimedes Lombardi, 52, um dos mentores da associação, o 16 mm tem como principal vantagem permitir "um cinema portátil, doméstico".
O projetor do 16 mm pesa 12 kg, contra 800 kg do 35 mm. Três rolos pequenos guardam um filme em 16 mm, contra seis a oito rolos grandes em 35 mm.
O primeiro passo para a criação da associação será descobrir colecionadores dispostos a emprestar seus filmes.
Catálogo
O economista Antonio Leão, 37, catalogou 300 nomes de colecionadores. Já entrou em contato com 60 deles, dos quais 15 demonstraram interesse em emprestar seus filmes –pessoas de Porto Velho (RO) a Porto Alegre (RS).
A princípio, a sala do Cineclube Ipiranga, com capacidade para 150 pessoas, localizada na biblioteca municipal do bairro, será usada para a exibição, a partir de janeiro.
Em um segundo estágio, a associação pretende procurar outros espaços, como o MIS (Museu da Imagem e do Som) e o Cinusp (cineclube da USP).
Leão calcula que a associação deverá contar com 5.000 cópias em seu início. Os colecionadores emprestariam as fitas para as exibições, mas as receberiam de volta para guardá-las e conservá-las.
Receio
Uma das dificuldades que os organizadores estão enfrentando é o medo dos colecionadores de emprestar os filmes.
Eles temem que as cópias –algumas únicas– sofram danos. E querem evitar problemas de direitos autorais, já que muitos filmes não caíram em domínio público.
Lombardi afirma que, por seu caráter não-comercial, a associação não enfrentará esse problema.
A Associação Brasileira de Colecionadores de Filmes em 16 mm terá sede em um sobrado que está em reformas no bairro do Ipiranga. Os colecionadores interessados podem entrar em contato com Lombardi pelo tel. 011/274-6318.
Cinemateca
O programador da Cinemateca Brasileira (principal acervo do país), Bernardo Voborow, apóia a iniciativa da associação.
Voborow acredita que muitos filmes dos colecionadores não podem ser encontrados nas três cinematecas brasileiras (sediadas em São Paulo, Rio e Curitiba).

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