São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 1994
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Arafat chega a acordo com Hamas para evitar choque

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Autoridade Nacional Palestina e o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) chegaram a um acordo para reduzir a tensão na faixa de Gaza.
O objetivo é evitar incidentes como o de sexta-feira passada, quando conflito entre policiais e manifestantes deixou entre 12 e 17 mortos e mais de 200 feridos.
Todas as partes decidiram renunciar a manifestações armadas nas ruas e a publicar manifestos incendiários, disse Mahmud Zahar, porta-voz do Hamas.
O acordo permite reuniões públicas e manifestações depois de autorização.
A trégua foi obtida na noite de anteontem, após mediação de Abdala Nimer Daruich, líder do Movimento Islâmico de Israel, e de Ahmed Tibi, assessor de Arafat.
O documento foi assinado por Iasser Arafat, líder da Fatah e presidente da ANP e da Organização para a Libertação da Palestina, e Mahmud al Zahar, do Hamas.
Apesar do pacto, o Hamas insiste que existem divergências com a ANP, a quem responsabiliza pelas mortes da semana passada.
Arafat aproveitou sua viagem à Espanha para acusar o Irã de responsabilidade pelos distúrbios.
A fala de Arafat foi uma resposta à declaração do líder espiritual iraniano, Ali Akbar Mohtachemi, de que Clinton, Rabin e Arafat estão implicados diretamente na matança de Gaza.
A primeira prova de fogo do acordo acertado anteontem será a manifestação programada para hoje em Gaza.
A manifestação, autorizada pela polícia palestina, deve funcionar como contrapeso às duas reuniões pró-Arafat feitas na segunda-feira e anteontem em Gaza e Jericó.
Oficialmente, a manifestação foi convocada para homenagear Imad Akel, chefe do braço armado do Hamas morto por soldados israelenses há um ano em Gaza.
Três incidentes ocorridos nas horas que se seguiram ao anúncio do acordo indicam as dificuldades para sua implementação.
Desconhecidos abriram foto contra a casa do porta-voz Zahar e outros dirigentes do Hamas em Gaza. Os disparos quebraram vidros, mas não deixaram vítimas.
Um dos afetados, Imad Galui, disse que Israel e a ANP são responsáveis pelos ataques.
O Hamas também acusou integrantes do grupo Falcões da Fatah (pró-Arafat) de violarem o acordo ao fazerem uma reunião pública armados. Cerca de 50 militantes dispararam tiros para o ar.
Já o braço armado do Hamas, Ezzedine al Qassam, reivindicou um atentado a bomba contra uma patrulha do Exército de Israel no sul da faixa de Gaza.
Uma corte militar israelense condenou à morte Said Badaneh, 24, pela explosão de um ônibus que matou cinco pessoas em abril. Se confirmada, será a primeira execução no país desde a do nazista Adolf Eichmann, em 1962.

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