São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994 |
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Vendas sustentam lucros das empresas
FIDEO MIYA
É o que revela uma análise dos resultados das 33 principais empresas com ações negociadas nas Bolsas de Valores e balanços divulgados até dia 16 último. Ela foi feita pelo departamento de pesquisa de investimentos da Brasilpar Administração de Recursos. Segundo o analista-chefe da Brasilpar, Francisco Petros, os bons resultados despertaram o interesse dos investidores, inclusive estrangeiros, pelos papéis de empresas privadas. A avaliação de Petros, compartilhada pelos analistas do Banco Santander, Gustavo Campos Netto, e da Latininvest, Márcia Zugaib, é de manutenção dos lucros operacionais no quarto trimestre, com menores ganhos financeiros com o câmbio. Os lucros do terceiro trimestre de 20 (61%) das 33 empresas apresentaram um crescimento médio de 1.576% sobre o mesmo período de 1993. Essa média foi muito influenciada, porém, pela Teka (16.900%), Pirelli (5.750%) e Dixie Lalekla (2.600%), que tiveram lucros quase próximos de zero no terceiro trimestre do ano passado. Outras nove (27%) passaram de uma situação de prejuízo para lucro e apenas 4 (12%) tiveram uma redução média de 21% nos lucros nesse período. O crescimento médio do faturamento líquido no terceiro trimestre deste ano foi de 89,9%, em comparação com o mesmo período de 93, destacando-se a Eternit (327,6%), Refripar (286,7%) e Dixie Lalekla (214,7%). O estudo da Brasilpar mostra que, no acumulado de nove meses, a expansão do faturamento foi menor, de 52,7% na média, o que evidencia o efeito do real. Outro dado relevante da análise é a comparação da margem bruta de vendas, medida pela relação entre lucro bruto e faturamento. O aquecimento do consumo após o lançamento do real não gerou uma elevação das margens de lucro, que na média permaneceram praticamente estáveis (27,4% no terceiro trimestre de 93 e 27,1% no mesmo período de 94). Isso explica, segundo Petros, porque de julho a outubro os preços industriais subiram apenas 1%, enquanto os produtos agrícolas aumentaram 49% e o IPC-r registrou alta de 15,7%. Outras 14 tiveram a rentabilidade sobre vendas reduzida. A queda mais dramática foi na Vale do Rio Doce (de 31,7% para 5,1%). Petros resume os bons resultados após o real dividindo as companhias em três grandes grupos. O primeiro é formado pelas empresas contempladas por um ciclo excepcional na demanda e nos preços externos de seus produtos. São os casos da Aracruz (papel e celulose) e da Copene (petroquímica). O segundo grupo é integrado pelas empresas beneficiadas com a expansão do consumo interno, que permitiu o aumento do faturamento e das margens de lucro, como ocorreu com a Gradiente, Alpargatas, Cremer e Marisol. Fazem parte do terceiro grupo as indústrias do setor siderúrgico (Acesita e as empresas do grupo Gerdau), que melhoraram sua rentabilidade operacional graças ao aumentos das vendas nos mercados interno e internacional. No extremo oposto está a Varig. O ganho de US$ 447,4 milhões no terceiro trimestre cobriu prejuízos do primeiro semestre e permitiu fechar o balanço de nove meses com lucro de US$ 118,8 milhões. A empresa informou que cerca de US$ 340 milhões são ganhos decorrentes da valorização do real. Texto Anterior: Executivos apostam em ações Índice |
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