São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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Busca da verdade exige paz espiritual

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

O menino chegou à praia onde um templo cheio de sinos afundara no mar. Os pescadores diziam que o movimento da água fazia os sinos tocarem e era possível escutá-los. Ele ficou dias seguidos, concentrado em qualquer ruído diferente do som das ondas e das gaivotas. Em algumas semanas, podia filtrar os sons, mas não ouvia os sinos. Os pescadores insistiam: "É possível!". Mas o garoto não conseguiu e resolveu partir.
Aproximou-se do oceano, para despedir-se. Olhou mais uma vez a natureza e –como não estava mais preocupado com sinos– viu a beleza do ruído dos pássaros e ondas. Sentiu-se descansado, agradeceu por viver. E então, porque escutava o mar e as gaivotas, ouviu também o primeiro sino. E outro. E mais outro, até que todos os sinos do templo afundado tocaram para o seu deleite e alegria.

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