São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Livro é alegoria da mesquinhez nacional

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Erico Verissimo (1905- 1975) escreveu "Incidente em Antares" em 1971. Vinha de dois livros de forte teor político, "O Senhor Embaixador" (1965) e "O Prisioneiro" (1967), e de grande repercussão.
Afinal, o gaúcho Verissimo foi um dos mais lidos escritores do país. Mesmo em romances mais regionalistas, ele criava identificação para todo leitor de classe média –com invejável habilidade, em especial, na construção de personagens.
Foi por isso que, quando o livro saiu, os fregueses de Verissimo, depois dos livros "engajados", suspiraram saudosos: o velho Verissimo estava de volta.
Mas não é bem assim –pelo menos da metade do livro em diante. Na primeira metade, ok: tem-se um painel social de uma pequena e fictícia cidade do interior gaúcho, Antares, com seus políticos raposas e suas velhotas divertidas.
Mas depois o livro, numa guinada, se torna uma fascinante –e macabra– alegoria da mesquinhez e da sacanagem à brasileira, com a história de mortos que decidem se intrometer no cínico reino dos vivos.
Esse veio cômico, ao que parece, é o que predomina na adaptação da Globo. Os leitores de Verissimo –hoje extintos como os dodôs– encontraram ali, porém, bem mais do que uma sucessão de peripécias risíveis.

Texto Anterior: Diretor usa efeitos especiais
Próximo Texto: Band estréia novo esportivo; Cultura exibe especiais sobre a África; Ocupação das favelas no SBT; Música na luta contra a Aids; Zimbo Trio toca no "Ensaio"; Brasileiros no Festival de Jazz de Montreux; Festa para os 70 anos de Mandela; Fuvest ao vivo no "Vestibulando'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.