São Paulo, domingo, 27 de novembro de 1994
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O VENCEDOR

DALMO MAGNO DEFENSOR
ESPECIAL PARA O TV FOLHA

Eu e Marina, minha filha de seis anos, éramos assíduos espectadores de "Anos Incríveis", da Cultura, quando passava às 20h. O personagem predileto dela era o Kevin Arnold.
Na última cena do episódio, em que Kevin tem uma frustrante experiência como guitarrista, ele faz suas melancólicas divagações em "off" enquanto a câmera se afasta e revela que está abraçado ao LP Abbey Road, dos Beatles.
Comentei com Marina que eu também tinha aquele disco. Ela me olhou com total descrença. Só faltou me chamar de ridículo.
Proprietário de uma discoteca bem organizada, consegui pegar meu LP antes do fim da cena, e ela pôde olhá-lo atentamente e comprovar que era igualzinho ao do Kevin.
Para quem gira na órbita comum da classe média, a anos-luz de aventuras emocionantes, não é todo dia que se pode sentir o orgulho bobo –e delicioso– de ver uma menininha de seis anos te olhando como se fosse um herói. Como diz ela, "maior legal".
O quê? Era pra eu ter ficado com ciúme? Do Kevin? Ora, faça-me o favor.

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