São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exército busca 'médio traficante' em morro

DA SUCURSAL DO RIO

O coronel Ivan Cardozo, porta-voz do CML (Comando Militar do Leste) para a Operação Rio, disse ontem que o Exército pretende chegar apenas "ao médio traficante" com suas incursões aos morros cariocas.
Ao anunciar a prisão de 26 pessoas durante os três dias de ocupação militar do morro do Borel (Tijuca, zona norte), o coronel disse que as investigações iniciadas com as prisões dos pequenos traficantes levarão aos de "médio porte".
Segundo Cardozo, o tráfico de grande porte, "inclusive nas suas ramificações internacionais", é assunto da competência da Polícia Federal, embora não se exclua a colaboração das Forças Armadas.
O Exército começou ontem de manhã a desmobilizar as tropas destacadas para a operação no Borel, iniciada na madrugada de sexta-feira com 1.500 homens.
Tanques e carros blindados foram retirados das entradas do morro. O cerco recuou 500 metros, com os militares se posicionando agora no interior da favela e não nas suas vias de acesso.
Segundo o major Francisco Paiva, representante do setor de Comunicação Social do CML na operação no Borel, foi desativado o "vasculhamento do morro".
As casas revistadas receberam uma marca de giz (um número ou um "x") na porta, para que não precisem voltar a ser investigadas.
A nova fase, iniciada ontem e sem prazo para terminar, seria de "patrulhamento em pontos estratégicos". Continuarão no morro, embora em menor número, tropas da 1ª DE (Divisão do Exército).
O major Paiva afirmou que agora a PM (Polícia Militar) e Polícia Civil devem fazer sua parte, de ajudar a manter o trabalho realizado pelo Exército.
As revistas aos moradores foram abrandadas, mas o acesso de jornalistas continuou proibido. Não havia sinal de "olheiros" ou traficantes armados.
A bandeira do Brasil, hasteada na manhã de sábado no lugar onde havia um cruzeiro que simbolizaria o poder da facção criminosa Comando Vermelho, não será vista novamente. A bandeira foi retirada anteontem ao anoitecer porque, segundo o CML, já teria sido cumprido o objetivo de mostrar a presença do Estado no local.
Balanço
As drogas apreendidas foram um quilo de cocaína, um de maconha, quatro quilos de "erva seca", 200 gramas de "pó branco", 276 sacolés (embalagem para venda no varejo) de cocaína e 393 trouxinhas de maconha.

Texto Anterior: Exército revista apartamentos de militares
Próximo Texto: Tenente morre em tentativa de assalto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.