São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
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São Paulo ganha espaços dedicados à produção étnica

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

Evento: abertura do espaço Craft House
Quando: hoje, a partir das 20h
Local: r. Fidalga, 545, tel./fax 011/813-1738, vila Madalena
Evento: abertura do espaço Galpão de Design
Quando: amanhã, a partir das 20h
Local: r. Aspicuelta, 145. tel. 011/814-3393

A cidade –mais precisamente a vila Madalena– ganha nesta semana dois novos espaços com características bem semelhantes.
Separados por poucas quadras, a Craft House e o Galpão de Design se dedicam à difícil tarefa de inserir o design étnico em um contesto metropolitano e cosmopolita sem que eles percam características originais e se tornem simples objetos decorativos.
"As peças que trago da África –da Namíbia e do Zaire– não possuem valor antropológico e não tem mais uso nos cultos locais. Não quero tirar o valor de uma cultura, mas valorizá-la em um novo contexto. Aqui as peças serão veneradas de outra forma e por outras pessoas", diz Silvia Prado Segall, proprietária do Galpão de Design, que abre amanhã.
Proposta semelhante tem Paula Lemos, da Craft House, que tem sua abertura hoje. "Existe um desejo de voltar aos materiais orgânicos, mas de uma forma atualizada, sem a devastação do mundo inteiro. Aqui na loja, vamos explicar o que os objetos significam em suas culturas e também através de eventos culturais ligados aos objetos expostos", diz. Mas os dois espaços não se dedicarão exclusivamente à arte étnica.
O Galpão de Design, por exemplo, atuará com a produção de designers brasileiros que trabalhem com linhas limpas, como o casal Luciana Martins e Gerson de Oliveira. É deles a cadeira Outubro (veja foto ao lado). A loja comercializará ainda criações de Malvina Sammarone, Caio Medeiros, Marcos Pedroso, Guilherme Mendes da Rocha, Silvia Motta e Danilo Blanco, entre outros.
O Galpão dedicará ainda parte de seu espaço aos tapetes de Paulo Segall, peças únicas realizadas em lã e náilon. Trabalhará também com produtos populares de qualidade e que demonstrem uma preocupação na transformação de materiais originais.
"Fora de seu ambiente original, uma bicicletinha de cipó realizada no sul de Minas Gerais tem valor semelhante ao de objetos primitivos africanos", justifica Segall, referindo-se às minibicicletas de José Renato.
Paula Lemos, da Craft House, também se preocupa com o valor intrínseco que cada objeto produzido manualmente carrega e por isso faz questão de desvincular os produtos com que trabalha da palavra "artesanato".
"Me interesso por pessoas que façam trabalhos manuais. Me interessa a cultura, a beleza, a vida que os trabalhos carregam", diz.
Lemos priorizou neste primeiro momento de seu espaço o mobiliário indonésio, que traz várias influências, como portuguesas, chinesas e inglesas (veja foto ao lado). São bancos, mesas e cadeiras em madeira, como a teca (madeira clara escurecida à base de mel).
A Craft House abriga ainda produtos de designers brasileiros, como Rodrigo Braga e os irmãos Humberto e Fernando Campana. Uma ótima surpresa do espaço é a série de esculturas de Ricardo Cukierman, produzidas com resina de jatobá e areia, em formas geométricas e orgânicas.
Os dois novos endereços da cidade reservam ainda espaços para cursos, workshops, palestras e encontros, sempre relacionados com suas preocupações.

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