São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 1994
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Ajuda à UE ameaça o governo de John Major

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

O premiê britânico, John Major, deve vencer hoje a primeira batalha contra os rebeldes do seu partido para se manter no cargo.
A expectativa é que o primeiro-ministro consiga aprovar o aumento da contribuição anual do Reino Unido à União Européia.
Mas até quarta-feira, o grupo de conservadores, da extrema direita do partido, poderá contestar a liderança de Major e forçar a escolha de um novo primeiro-ministro.
O projeto do governo prevê um aumento anual de 250 milhões de libras (US$ 412 milhões) em média até 1999 no pagamento à UE.
Isso deverá elevar a contribuição britânica para 3,5 bilhões de libras (US$ 5,7 bilhões), em 1999.
A contribuição anual à UE é definida com base no resultado da economia de cada país.
O aumento a ser votado hoje foi acertado em encontro da UE em Edimburgo (Escócia), em 1992.
Mas além do que determina o projeto, a contribuição britânica tem crescido por causa dos bons resultados da sua economia, registrados nos últimos meses.
Há duas semanas, a proposta recebeu severas críticas de parlamentares conservadores e Major definiu a aprovação como um voto de confiança no governo. Prometeu convocar eleições gerais para o Parlamento se for derrotado.
Na sexta-feira, 18 conservadores assinaram documento contra o projeto, mas após pressões que receberam das suas bases, alguns deverão mudar hoje de posição.
O protesto dos conservadores rebeldes ganhou força depois que foi divulgada, há duas semanas, auditoria revelando que o desperdício anual da União Européia pode chegar a US$ 6,6 bilhões.
O desafio de Major colocou em posição delicada o Partido Trabalhista, que sempre apoiou o aumento da contribuição à UE.
O partido só deverá votar contra o projeto se tiver a garantia de que pelo menos 20 conservadores vão rejeitá-lo, o que daria à oposição chances de derrubar o governo.
Os trabalhistas não querem correr o risco de, além de perder a chance de convocar eleições gerais, ficar com a imagem de anti-União Européia.
Ontem, o conservador Norman Lamont negou que esteja à frente de um movimento para contestar a liderança de Major, como foi dito pela imprensa no fim-de-semana.
Lamont disse que não vai participar de nenhuma rebelião interna. "Eu não acho que vai haver uma eleição para a liderança".
Na quinta-feira passada, todo o gabinete ministerial apoiou Major na sua decisão de renunciar se o projeto for rejeitado.
A decisão foi classificada por parlamentares de "pacto suicida" por causa da atual vantagem dos trabalhistas nas pesquisas.
Segundo levantamento divulgado quinta-feira, os trabalhistas têm 55% da preferência dos britânicos. Os conservadores têm 24% e os liberais-democratas, 17%.

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