São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 1994
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Ministeriável defende governo 'midiocrático'

Krause quer eixo FHC-mídia para pressionar Congresso

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

O deputado Gustavo Krause (PFL-PE) disse ontem que Fernando Henrique Cardoso precisa fazer um governo "midiocrático". Isso significa, segundo ele, que o governo deve tentar um "pacto" com os meios de comunicação para pressionar o Congresso a aprovar as medidas de modernização.
"O Congresso não funciona com pressões endógenas (determinadas por fatores internos). Tem de ser de fora para dentro", disse.
Krause acha que a estrutura dos partidos não mudou o suficiente para que eles tenham uma relação apenas institucional com o Executivo.
"Essa conversa de que vai se governar com os partidos é uma meia verdade. Nada ocorreu no sistema partidário para tornar isso possível", afirmou.
Segundo ele, as corporações e grupos de interesse são mais fortes do que os partidos no Congresso.
O deputado disse que o governo deve "ter um limite" na busca de um consenso em torno de suas propostas. O sociólogo Luciano Martins, um dos coordenadores do programa de governo de FHC, disse que a fragilidade dos partidos obrigará FHC a praticar o que chamou de "geometria variável".
Segundo Martins, FHC terá de fazer "acordos pontuais", variando seus apoios conforme os projetos. "Isso é ruim, mas necessário à governabilidade".
A base de apoio não pode ser apenas com os partidos políticos, segundo Martins "já que os próprios partidos são divididos internamente".
PT
O ex-coordenador do programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que o programa econômico de FHC vai "suscitar muito conflito social".
Segundo Marco Aurélio, tudo indica que FHC vai "levar às últimas consequências o ajuste liberal que Collor pregou".
Ele citou como exemplo as previsões de que as importações de automóveis subam de US$ 3 bilhões para US$ 4 bilhões anuais: "Isso vai nos levar a uma degradação do nível do emprego, mesmo que a economia cresça"
Jaguaribe
O sociólogo tucano Hélio Jaguaribe defendeu a adoção, pelo governo, de uma "aspirina social" em 95 para "reduzir o sofrimento dos setores mais carentes".
Segundo Jaguaribe, essa "aspirina social" deveria ser adotada enquanto o governo promove, no primeiro ano, as alterações institucionais e administrativas, mantendo uma equipe para "formular projetos para as reformas sócio-econômicas".
Krause, Marco Aurélio e Jaguaribe participaram ontem da mesa de debates promovida pelo Instituto Nacional de altos Estudos na sede do BNDES, no centro do Rio.
O encontro desde ano discutiu o tema "As Perspectivas do Novo Governo" e reuniu economistas, intelectuais de várias áreas e lideranças partidárias.

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