São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 1994
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Governadores do PT já desafiam direção

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os dois governadores eleitos do PT, Vitor Buaiz (Espírito Santo) e Cristovam Buarque (Distrito Federal), não vão aceitar pressão do partido para fazer oposição ao futuro governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.
"Se o partido quiser nos forçar, vamos marcar nossa posição e tentar convencer as lideranças de que a relação dos governadores com o governo federal não pode ser igual à relação da bancada no Congresso com o governo", disse Buaiz.
O futuro governador capixaba teve ontem o primeiro encontro com o colega do DF.
Os dois assuntos principais foram a guinada à esquerda do partido –que decidiu anteontem pela oposição inflexível ao governo FHC, recomendando a mesma postura a Buarque e a Buaiz– e o financiamento de empreiteiras às duas candidaturas (leia reportagem ao lado).
Segundo Buaiz, o PT deve fazer oposição ao governo federal através de sua bancada de parlamentares no Congresso.
"Isso (a oposição) não cabe aos governadores, que devem exigir do governo federal o atendimento de suas reivindicações", afirmou.
Ele defende a criação de uma "frente de governadores", para tomar decisões e levar as reivindicações ao governo federal em conjunto.
O governador eleito do Espírito Santo disse que 40% de sua campanha eleitoral (cujos gastos totalizaram R$ 1,5 milhão) foram financiados por empreiteiras. Mais de 20 empresas da Construção Civil contribuíram para a sua eleição.
Para Buaiz, o fato de empreiteiras financiarem campanhas do PT "não é um bicho de sete cabeças, porque as empresas não terão vantagens em troca".
A empresa Norberto Odebrecht contribuiu com R$ 200 mil na campanha de Buarque, no DF, e com R$ 35 mil na de Buaiz, no Espírito Santo. "A Odebrecht não compromete o governo. Não há promessa de contrapartida dos futuros governos", disse Buaiz.
Ele evitou entrar no mérito da crise aberta no PT do Distrito Federal, com a descoberta da contribuição à campanha. Mas disse que "não pode ser feito um cavalo de batalha" com o fato.
Afirmou que teve uma relação de "parceria" com as empreiteiras nos quatro anos em que foi prefeito de Vitória e que estas empresas querem "moralidade".

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