São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Carga tributária pode ir a 30% do PIB, diz Ciro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, disse ontem a empresários e trabalhadores que a reforma a ser proposta pelo governo FHC deverá elevar os impostos de maneira geral.
A carga tributária deve passar de 25% para 30% do PIB (Produto Interno Bruto), ou do contrário o governo não poderá melhorar seus serviços.
A afirmação foi feita na instalação da Câmara Estrutural, após líderes empresariais e sindicais reivindicarem redução de impostos.
"Se a arrecadação não chegar a 30% do PIB, esqueçam qualquer esperança de melhoria da coisa pública", afirmou Ciro.
"Para quem ainda resiste a isso, prestem atenção porque nós vamos reabrir essa discussão", disse Ciro, referindo-se à reforma.
O ministro não explicou como seria elevada a carga tributária. "É apenas uma provocação", disse.
Ciro atacou o que chamou, ironicamente, de "comovente consenso" do país em torno da necessidade das reformas tributária e fiscal para a retomada do crescimento. Esse consenso, disse, é "retórico".
"Em todos os lugares onde vou, ninguém contesta a necessidade das reformas. Mas apesar desse comovente consenso, as reformas não são aprovadas. Por que? Porque é mentira", atacou.
O ministro argumentou que o Brasil tem uma das menores cargas tributárias do mundo. Segundo Ciro, o Japão arrecada 34% do PIB, os Estados Unidos 30% e a Europa, 40% –o que compreende países onde a intervenção estatal na economia é pequena.
Ciro chamou de "questiúnculas conjunturais" as reclamações feitas pelos empresários e trabalhadores presentes acerca dos juros altos, das restrições ao crédito e da queda do dólar.
Antes da fala de Ciro, que chegou uma hora atrasado à cerimônia, o empresário Jorge Gerdau havia reclamado que a desvalorização do dólar tem prejudicado exportadores.
Os líderes sindicais, à exceção do presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, reclamaram que a entrada de importados têm gerado demissões no setor produtivo.

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