São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994 |
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Lula admite financiamento de empreiteiras
CYNARA MENEZES
"A relação não está comigo, mas devo ter recebido, e muitas. Pena que não deu para pagar todas as dívidas", disse Lula. Ele não condenou a aceitação de dinheiro da Odebrecht pelas campanhas do PT no Distrito Federal e Espírito Santo. "Odebrecht, Bradesco, Itaú, para mim, é tudo a mesma coisa. Qual empresa não está envolvida hoje em denúncias de corrupção? Se as doações foram feitas dentro da lei, é normal", disse. Antes de Lula, o presidente do PT, Rui Falcão, e o deputado federal Aloizio Mercadante (SP) já haviam admitido o recebimento de doações de empreiteiras. O PT entrega hoje à tarde sua prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O partido defendia a divulgação automática das doações, mas não vai antecipar a relação à imprensa. Segundo Falcão, "muitas empresas que atuam no território nacional, inclusive da construção civil", doaram dinheiro para a campanha de Lula. "Não vejo diferença entre a Odebrecht, a Camargo Correa ou a Andrade Gutierrez", disse Falcão, comentando as doações da odebrecht ao PT. Mercadante admitiu que pode ter havido dinheiro de empreiteiras na campanha nacional, mas condenou a aceitação de doações da Odebrecht. "Houve muitos problemas na história recente do país envolvendo a Odebrecht. Foi um erro o PT de Brasília e de Vitória terem aceito dinheiro dela", disse. Perguntado se também na campanha de Lula o "erro" teria se repetido, Mercadante respondeu: "Que eu saiba, não". Afirmou ser contrário, porém, à devolução do dinheiro. "A campanha nacional já deve US$ 1,5 milhão e não sabe como pagar", disse. A bancada petista está dividida em relação às doações de empreiteiras. Enquanto alguns argumentam que o partido agiu de acordo com a lei, outros querem devolver o dinheiro. Texto Anterior: Carga tributária pode ir a 30% do PIB, diz Ciro Próximo Texto: UDR é extinta; seções regionais permanecem Índice |
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