São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Mãe pede a rei demissão de professor

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para conseguir que o professor que agrediu sua filha de 9 anos fosse demitido do Colégio Miguel de Cervantes, no Morumbi (zona sul de São Paulo), a advogada Rosemeire Cortico Jorge Elias recorreu ao presidente Itamar Franco e ao rei da Espanha, Juan Carlos de Bourbon.
Em 3 de maio passado, Noelle Tadeu Jorge Elias, aluna da 3ª série do Miguel de Cervantes, levou um tapa no rosto do professor de espanhol Manuel Dias Blanco.
Segundo a direção da escola, o professor estava afônico e perdeu o controle porque a turma estava muito dispersa (leia texto abaixo).
O Colégio Miguel de Cervantes é mantido pelo governo espanhol e por um conselho formado por brasileiros e espanhóis.
Noelle tentou esconder a agressão dos pais, mas eles acabaram descobrindo através de colegas da filha.
"Ela adora a escola. Noelle é nossa única filha e sempre sonhamos que ela estudasse no Miguel de Cervantes para que falasse espanhol fluentemente. Nunca pensei que fosse acontecer uma coisas dessas", afirmou a advogada.
No dia seguinte à agressão, Rosemeire foi até a escola junto com o marido, o produtor musical Nahim Jorge Elias, exigir a demissão de Blanco.
Como a direção do colégio só afastou o professor de uma das quatro turmas em que dava aula, os pais de Noelle resolveram escrever cartas para autoridades brasileiras e espanholas.
"Quando fui à escola um dia depois da agressão, ninguém deu importância ao fato. Só recebi uma explicação da direção depois de ter ido ao Consulado da Espanha", disse Rosemeire.
Na última sexta, a família de Noelle recebeu uma carta da Casa Real da Espanha dizendo que, por ordem do rei, o Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha iria estudar o caso.
Amanhã, Blanco deverá prestar depoimento no 34º DP (Distrito Policial), no Morumbi, onde foi instaurado inquérito para apurar a agressão.
Como não foi feito exame de corpo de delito na época, o professor deverá ser indiciado apenas por "injúria real". A pena para o crime é de até 6 meses de prisão.
Apesar do incidente, os pais de Noelle pretendem manter a filha na escola no ano que vem.

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