São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Igrejas de Tiradentes substituem imagens originais por peças de gesso

EVANDRO EBOLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA

Uma série de roubos de peças sacras nas igrejas das cidades históricas de Minas Gerais levou o município de Tiradentes a substituir seis imagens originais de três capelas por similares de gesso.
A Sociedade dos Amigos de Tiradentes decidiu também recorrer a uma firma de segurança e instalar alarmes nas cinco principais igrejas da cidade. A sociedade é formada por representantes do Instituto Histórico e Geográfico e da prefeitura.
Segundo o secretário municipal de Turismo, Luiz Cruz, 35, só a existência de uma quadrilha explica os roubos que ocorreram este ano em 15 cidades históricas, entre elas Diamantina, Mariana e São João Del Rei.
A igreja de São João Evangelista, em Tiradentes, foi invadida no início de novembro e foram roubadas três imagens do século 18, três castiçais e uma cruz de banqueta. Uma das peças –uma imagem de 1,2m de Nossa Senhora das Dores– vale cerca de US$ 50 mil.
O último roubo ocorreu há duas semanas em Ouro Branco (MG), de onde foram levadas 14 imagens sacras. Segundo Mônica Massara, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais (Iphan), a maior parte dessas peças vai para a venda em antiquários.
"São peças de arte com alta cotação de mercado. O destino delas são as coleções particulares", disse Massara, que também acredita na existência de uma quadrilha agindo em Minas.
Entre as igrejas roubadas, cinco são tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional. Apenas o acervo roubado em Inhaí, distrito de Diamantina –uma imagem de Santa Ana, uma de São José e dois crucifixos de marfim–, foi recuperado, encontrado numa feira de antiguidades no Rio.
O Iphan está tomando medidas que visam recuperar as peças roubadas e evitar novas ações da quadrilha. Foi feito um convênio com as polícias Civil e Federal para intensificar as investigações e dar mais proteção às igrejas.
Segundo Massara, 80% do acervo de cerca de 10 mil peças tombadas pelo patrimônio estão inventariados. Isso significa que cada uma delas está fotografada e fichada com descrições minuciosas. Esse trabalho auxilia na investigação.

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