São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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Brasileiros elogiam premiação de Llosa

DA REPORTAGEM LOCAL

A entrega do prêmio Cervantes ao escritor peruano Mario Vargas Llosa, 58, anteontem, foi considerada "merecida" por escritores brasileiros ouvidos pela Folha.
O prêmio, de US$ 115 mil, é tido como o mais importante da literatura de língua espanhola. Llosa foi premiado pelo conjunto de sua obra –que inclui os romances "A Guerra no Fim do Mundo" e o livro de memórias "Peixe na Água", recém-lançado no Brasil pela Companhia das Letras.
Llosa chega amanhã a São Paulo para visita de uma semana. No dia 6, às 20h, dá palestra no Masp (Museu de Arte de São Paulo), promovida pela Folha e pelo Diners Club. Os convites estarão à disposição do público a partir das 9h de sexta-feira na portaria do jornal (al. Barão de Limeira, 425, Campos Elíseos, região central).
Para a escritora Lygia Fagundes Telles, que diz preferir os primeiros livros de Llosa –como "Tia Júlia e o Escrevinhador" e "Conversa na Catedral"–, ele é "um dos grandes nomes da literatura latino-americana e merecedor de todos os prêmios". Lygia diz que Llosa também é admirável como pessoa. "Além do mais, ele é um homem muito bonito."
O escritor e colunista da Folha Antonio Callado também acha justa a premiação. "Ele é um dos poucos escritores latino-americanos conhecidos no mundo todo. Agora só falta ele ganhar o Prêmio Nobel", diz. E complementa: "Foi ótimo para sua carreira não ter vencido a eleição no Peru."
O escritor Moacyr Scliar concorda: "Ele é indiscutivelmente um grande narrador, dentro da tradição latino-americana de contar histórias com graça e verve. Como figura pública, é um equívoco, uma espécie de cristão-novo do liberalismo, que quer ser mais liberal que os próprios liberais."
O poeta Antonio De Franceschi prefere apontar a experiência política de Llosa como fator positivo. "No Brasil ele terá a chance de nos transmitir sua grande experiência com a política real."
Silviano Santiago, escritor e crítico, vê a questão pelo prisma oposto. "O que me fascina no fenômeno Vargas Llosa", diz, "é que ele é um escritor capaz de manter um diálogo com a cultura institucionalizada naquele determinado momento histórico."

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