São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 1994
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O essencial pode escapar aos olhos

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Eu sempre quis conhecer a mulher que, na noite do massacre na Candelária, surgiu como o anjo da guarda das crianças de rua.
Durante um jantar, alguém me apresentou: "Esta é Ivonne". Eu cumprimentei formalmente a recém-chegada e continuei conversando com meus amigos. Ela, sem jeito, se afastou.
Quando íamos saindo da festa, minha mulher comentou: "Então, gostou de conhecer a mulher que você tanto admira?" E eu me dei conta do meu erro.
Na mesma hora, procurei-a entre os convidados –e Ivonne Bezerra de Mello ficou sabendo da minha admiração por sua resistência e coragem.
Mas, ao voltar para casa, eu pensava: quantas vezes em minha vida estive diante de algo que era importante para mim e não percebi?

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