São Paulo, quinta-feira, 1 de dezembro de 1994
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Doença pode deixar 5,5 mi órfãos até 2000

AURELIANO BIANCARELLI*

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Até o ano 2000, pelo menos 5,5 milhões de crianças ficarão órfãs de mãe ou pai mortos pela Aids no mundo todo. Nos próximos cinco a dez anos, 2,7 milhões de crianças e 3 milhões de mulheres deverão morrer vítimas da doença.
Hoje, a cada 24 horas, 6.000 pessoas são infectadas pelo HIV. Até o final do século, os soropositivos serão 40 milhões. Destes, 10 milhões serão crianças.
As estimativas são da Organização Mundial de Saúde (OMS) e serão divulgadas na conferência sobre Aids que se inicia hoje em Paris. A abertura coincide com o Dia Mundial de Luta contra Aids.
Em São Paulo, os números da OMS foram anunciados no 2º Encontro Nacional sobre Aids Pediátrico que terminou ontem. Participaram 320 profissionais do Brasil e especialistas estrangeiros.
Marinella Della Negra, uma das organizadoras do encontro, disse que estudos no mundo todo estão se concentrando nas crianças conhecidas como "long survivers", aquelas nascidas com o vírus e que já atingiram a idade dos sete anos.
Só na equipe chefiada por Marinella no Hospital Emílio Ribas de São Paulo, estes "long survivers" são cerca de cem. A maioria destas crianças está vivendo muito bem, tomando ou não medicamentos.
O grande desafio é descobrir por que elas convivem com o vírus por tanto tempo sem ficar doente. "O estudo destas crianças vai nos ajudar na condução das outras que não resistem", diz Marinella. "Elas são como uma luz nas nossas pesquisas."
O mais velho sobrevivente da Aids em São Paulo é um menino que completou 10 anos em maio passado. Na Itália, o mais velho tem 13 anos e, nos EUA, 14.
Segundo Marinella, entre 40% e 50% das crianças que nasceram com o vírus morrem até o segundo ano de vida.
Marinella acredita que o número seja muito maior. Segundo ela, muitas crianças morrem vítimas da doença sem que suas mães nem os médicos desconfiem de que a morte ocorreu em decorrência da Aids.
Cerca de 30% das crianças que nascem de mães soropositivas são infectadas. Aquelas que escapam do vírus –lembra o relatório da OMS– ficarão órfãs em breve.
*Com agências internacionais

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