São Paulo, quinta-feira, 1 de dezembro de 1994
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Professor espanhol depõe na polícia para explicar tapa no rosto de aluna

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O professor espanhol Manuel Dias Blanco, 43, que deu um tapa no rosto de uma aluna no Colégio Miguel de Cervantes, depõe na manhã de hoje, no 34º DP (Morumbi), onde foi aberto inquérito a pedido do Juizado da Infância e Juventude.
Se for indiciado, Blanco poderá ser julgado por "injúria real". A pena prevista para este crime é de até 6 meses de prisão.
Em 3 de maio passado, Blanco deu um tapa em Noelle Jorge Elias, 9, aluna da 3ª série do Miguel de Cervantes.
A mãe da menina, a advogada Rosemeire Jorge Elias, 39, escreveu para o rei Juan Carlos, da Espanha, para exigir a demissão do professor que agrediu sua filha.
A decisão dividiu a opinião das mães do Colégio Miguel de Cervantes, no Morumbi (zona sul).
"Acho que ela foi longe demais. Escrever para o rei é sensacionalismo, um exagero", disse Etienne Paes de Souza, que tem duas filhas de 10 anos na escola.
Para Etienne, a escola agiu bem em não afastar o professor. "Todos merecem a segunda chance."
Já a espanhola Manuela Robon Pujol, 46, mãe de Daniel, 13, disse que também usaria de todos os recursos para demitir um professor que agredisse seu filho. "Um professor que agride um aluno dessa maneira tem que ser demitido."
Segundo a direção, a classe estava "inquieta" e o professor, afônico. A escola, ligada ao governo espanhol, afastou Blanco de uma de suas quatro turmas.
Para tentar a demissão do professor, Rosemeire escreveu ao presidente Itamar Franco e ao rei Juan Carlos denunciando a agressão.
Na última sexta-feira, a advogada recebeu resposta da Secretaria Geral da Casa Real da Espanha, afirmando que, por ordem do rei Juan Carlos, o Ministério de Assuntos Exteriores estudaria o caso.
A assessoria do presidente Itamar Franco enviou no último dia 18 aos ministérios da Educação e da Justiça a carta que recebeu de Rosemeire.
O Planalto ainda não recebeu resposta dos dois ministérios sobre as providências tomadas. A assessoria de Itamar informou que os encaminhamentos poderão exigir negociação com governo espanhol.
O diretor-geral do Miguel de Cervantes, Joaquim Summers Gomés, disse que Blanco volta para a Espanha no fim do ano. O professor, que é funcionário do Consulado da Espanha, deveria ficar no colégio até o final de 96.
Rosemeire disse ontem que pretende afastar toda a diretoria. "O ensino do colégio é ótimo, mas a direção foi omissa e só tomou atitude depois que entrei na Justiça."
Blanco deu aulas ontem em duas turmas, mas não quis dar entrevistas.

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