São Paulo, quinta-feira, 1 de dezembro de 1994 |
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Newton Mesquita abandona rigor de arquiteto para soltar o traço
KATIA CANTON
Quando Newton Mesquita começou a afunilar seus dotes de arquiteto, artista e músico e resolveu dedicar-se à pintura, a arte brasileira tendia para uma volta ao figurativo. Isso acontecia no início dos anos 70. "Naquela época, eu pintava paisagens, urbanas e rurais. Pintava de maneira limpa, bem construída. Como um arquiteto", diz. Quase um quarto de década depois, Newton Mesquita já não precisa pintar com o tal rigor arquitetônico. Depois de vencer seguidos salões de desenho e pintura, de fazer design gráfico para revistas e expor individualmente em galerias por 35 vezes, Mesquita agora se dá ao luxo de soltar o traço. Não que ele tenha abandonado a coerência da figura. De certo modo, o artista continua adepto do pop, o que se vê sobretudo nos acrílicos sobre papel, onde retrata dois beijos prototípicos da história do cinema: Clark Gable e Vivien Leigh em "E O Vento Levou..." e Humphrey Bogart e Ingrid Bergman em "Casablanca". A novidade é que hoje, para ele, a temática cede à sistemática. Ou seja, "o que" você pinta é menos importante do que "como" você pinta. "Você pode tocar uma mesma música ao piano, mas de maneira diferente, a cada dia. O mesmo ocorre na pintura", explica. E, nesse caso, uma mesma cadeira pode ser referência para três obras com cores e intenções totalmente diferentes. Uma delas tem o amarelo e o vermelho de um Van Gogh, suas pinceladas grossas brotando para fora dos contornos do desenho. Outra é escura, combinando pretos e verdes-garrafa, com um leve arremate dourado, que lembra um adorno oriental. A terceira é serena, uma cadeira branca com nuances bege e pêssego. As mesmas variações aparecem na repetição de temas como vasos com flores e o corpo nu de uma modelo. Exposição: Quarenta e Cinco Artista: Newton Mesquita Onde: Galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 011/852-3897) Quando: de hoje a 30 de dezembro, de segunda a sexta das 10h às 19h30 e aos sábados das 10h às 14h) Texto Anterior: Para sexo e política, não precisa ser bom Próximo Texto: Eventos discutem visão européia sobre o negro e o índio no Brasil Índice |
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