São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
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Hormônio de crescimento

MARCELLO D. BRONSTEIN

O hormônio de crescimento, fundamental para o desenvolvimento das crianças, continua a ser produzido durante toda a vida adulta, embora em quantidades menores na terceira idade.
Até os anos 80, a produção do hormônio de crescimento era muito pequena, já que ele tinha de ser extraído de hipófises humanas. Todo o hormônio era destinado às crianças deficientes do mesmo.
Tornou-se então disponível o hormônio de crescimento obtido pela engenharia genética, com produção de quantidades potencialmente ilimitadas.
Este progresso veio a beneficiar inicialmente as crianças deficientes. Em seguida, a maior disponibilidade da substância tornou possível a sua utilização em indivíduos com falta do hormônio desde a infância ou adquirida já na idade adulta.
Tornou-se então muito claro porque o hormônio continua a ser produzido nos adultos: os pacientes tratados obtiveram resultados impressionantes, com maior disposição para o trabalho, para o sexo, e também melhora da função cardíaca, redução do colesterol, fortalecimento dos músculos e ossos, redução da gordura corporal etc.
Estas constatações e a grande disponibilidade do hormônio levou pesquisadores a realizarem estudos em crianças com baixa estatura sem deficiência de hormônio de crescimento e em idosos normais.
A premissa seria de que o uso de hormônio suplementar pudesse fazer tais crianças atingirem estatura mais elevada do que aquela que a natureza as destinou e aumentar a disposição psíquica e física de pessoas na terceira idade.
Estes estudos ainda não concluíram que a longo prazo crianças e idosos "normais" se beneficiam do uso do hormônio de crescimento. Embora existam relatos individuais favoráveis, o preço elevado, a administração por injeções e a possibilidade de efeitos colaterais, como diabetes e hipertensão arterial, devem tornar o uso do hormônio de crescimento extremamente cauteloso.
Infelizmente, alguns profissionais –ou por inexperiência ou às vezes pressionados pelos pais que querem que os filhos sejam mais altos ou por idosos que buscam a fonte da juventude– indicam o seu uso de forma indiscriminada.
Devemos então alertar contra o uso excessivo de um hormônio tão importante e útil, quando bem empregado. Vamos aguardar estudos de longo prazo para definir quem realmente pode se beneficiar com o uso do hormônio de crescimento.
Cuidado com o "canto da sereia" da estatura mais elevada ou da eterna juventude!

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