São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994 |
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Filme denuncia manipulação
ANDRÉ FONTENELLE
A farsa foi denunciada por um de seus beneficiários, Herbert Stempel (John Turturro), descartado em favor do simpático Charles Van Doren (Ralph Fiennes). Nascido em berço de ouro, elegante e intelectual, Van Doren se tornou rapidamente um ídolo nacional. Chegou à capa da "Time". A denúncia de Stempel não daria em nada, não fosse a investigação do procurador Richard Goodwin (Rob Morrow). O charme de Van Doren fascina o próprio Goodwin, que tenta protegê-lo na investigação –aspecto que o diretor explora com sensibilidade no filme. Redford se inspirou em livro escrito anos mais tarde por Goodwin, que também colaborou na produção do filme. A NBC e o patrocinador do programa escaparam ilesos da investigação. Os candidatos levaram a pior. Van Doren perdeu seu cargo de professor na Universidade de Columbia. Até hoje se recusa a falar no assunto. É lembrado como "o homem que trapaceou na TV". "Só pude vê-lo de relance. Acho que ele nunca superou isso. Ele foi levado a essa situação por fraqueza", diz Fiennes. Redford foi buscar Fiennes ainda nas filmagens de "A Lista de Schindler", de Spielberg. "É maravilhoso quando a nacionalidade do ator não importa", disse Fiennes, inglês no papel de um americano. Stempel, aposentado, vive humildemente em Nova York. Para interpretá-lo, Turturro engordou 11 quilos e visitou Stempel várias vezes. "Ele viu o filme três vezes. Disse que minha interpretação estava um pouco exagerada. Acho que ele pensava que o filme era só sobre ele. Até a morte vai pensar que poderia ser como Van Doren", brinca Turturro. Outros destaques são a atuação de Paul Scofield, como pai de Van Doren, e as pontas dos cineastas Martin Scorsese e Barry Levinson. (AFt) Texto Anterior: Robert Redford ataca obsessão pelo lucro Próximo Texto: Especialistas debatem linguagem dos jovens Índice |
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