São Paulo, sexta-feira, 2 de dezembro de 1994
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Confronto marca posse de Zedillo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A posse do novo presidente mexicano, Ernesto Zedillo, foi marcada por confronto entre manifestantes de oposição e policiais no centro da Cidade do México. Houve mais de 30 feridos e cerca de 15 manifestantes foram presos.
Cerca de 2.000 pessoas participaram de um comício do Partido da Revolução Democrática (PRD) –do candidato derrotado Cuauhtémoc Cardenas– e da Convenção Nacional Democrática –próxima da guerrilha zapatista– contra a posse de Zedillo. Depois do comício, manifestantes foi em direção à principal praça do centro da cidade, chamada Zócalo.
A tropa de choque impediu a movimentação. Os manifestantes atiraram pedras e paus na polícia que revidou com bombas de gás e cassetetes. Um carro da polícia e uma caminhonete do governista Partido Revolucionário Institucional (PRI) foram incendiadas.
Na cerimônia de posse na Câmara dos Deputados, Zedillo prometeu fazer reformas constitucionais e eleitorais para sanear a Justiça e deixar "para trás as dúvidas e controvérsias sobre a legalidade" das eleições.
Um forte esquema de segurança, com a presença do Exército, cercou a Câmara dos Deputados. A população não teve acesso à cerimônia da posse.
Em seu discurso, Zedillo convocou "todos os partidos" e "todas as organizações sociais" do país para realizar um "reforma definitiva". O objetivo é a "democratização integral do país" e a construção de "um presidencialismo melhor equilibrado".
Falando sobre os líderes do PRI assassinados neste ano –o candidato a presidente Luis Donaldo Colosio e o secretário-geral do partido Francisco Ruiz Massieu–, Zedillo comentou que "as investigações não satisfizeram a cidadania". O presidente prometeu "uma iniciativa de reforma constitucional para uma profunda transformação do sistema de Justiça".
A procuradoria-geral da República ficará a cargo de Antonio Lozano do Partido Ação Nacional (PAN), único integrante da oposição do gabinete de Zedillo. Zedillo disse que lhe dará instruções para seguir as investigações –que apontam para o envolvimento de importantes chefes do PRI nos crimes– "até o fim".
Zedillo disse querer chegar a um acordo com o Exército Zapatista de Libertação Nacional, organização que iniciou um movimento guerrilheiro no Estado de Chiapas no começo deste ano.
"Muitos milhões de mexicanos tem carência do indispensável e vivem em uma pobreza que indigna à nação", disse Zedillo sobre dar prioridade ao combate à pobreza. Zedillo pretende se ater ao programa de austeridade e abertura ao acordo comercial com EUA e Canadá (Nafta) que caracteriza a política econômica de seu antecessor Carlos Salinas.
Em artigo publicado ontem no "Miami Herald" o poeta e escritor mexicano Octavio Paz pediu que Zedillo se comprometa a não indicar seu sucessor. A prática –chamada de "dedaço"– foi seguida por todos os presidentes priístas.

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