São Paulo, sábado, 3 de dezembro de 1994 |
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John Galliano explica seu "retrô-kitsch-glamour"
CONSTANZA PASCOLATO
O clima do momento foi estabelecido: o "retrô-kitsch-glamour" vem para brilhar. As roupas têm jeito de época, o que é fatal. A estilização da moda de ontem é fundamental para torná-la "de hoje". Galliano foi literal demais. Sua nova musa inspiradora é a personagem fictícia Misia, que substitui a Princesa Lucrécia, uma nobre russa, do desfile anterior. A Folha encontrou Galliano dois dias depois do desfile, em seu "showroom". Compradores das lojas americanas Sak's, Bloomingdale's e Bergdorf Goodman estavam lá. Os da inglesa Harrod's também. Animadíssimo, Galliano dava entrevista para uma TV japonesa. Depois, falou com a Folha. Brasil Ooh! How Wonderful! I liked Brasil! Gostaria muito de voltar. Desta vez queria passar mais tempo na praia! (Risos) Inspiração – Desta vez, inspirei-me em Dior (anos 50) e Vionnet (anos 30) que adoro. Olho para Madame Vionnet para desenvolver minha técnica. Técnica é a palavra chave para o futuro (Ele sabe fazer um vestido em espiral usando o fio reto do tecido em vez do viés). Minha geração está gostando de se vestir outra vez. Uso tecidos nobres e tradicionais e gosto de roupas construídas. Tema Nesta coleção a personagem que me inspirou, que me deu a chave do tema a ser desenvolvido é Misia, diva. Ela me diz o que gosta de vestir e os lugares onde adora ir. A partir daí é fácil criar. Roteiro Misia, segundo o roteiro (escrito por uma socialite amiga de Galliano) tem rosto tão esperto e cruel quanto o de um gato, e apronta, fatal e meio tresloucada, do Japão para a Europa (usando vestido quimono bordado) mudando de amores (vestindo uma série de tailleurs de cintura estrangulados com saias longas e até o meio da perna) e trocando jóias da família por vestidos de baile em tule e plumas. Época O refinamento de outras épocas está em voga para os meus contemporâneos. Não interessa a década específica ou o país. Podemos escolher a melhor do Ocidente e Oriente. Por isso, no desfile coloquei roupas meio final do século, chegando até os anos 50. Sonho Vim para Paris porque é mais fácil trabalhar – viver aqui me faz concentrar mais na moda. Mas preciso de Londres para a inspiração, a "eletricidade", os amigos –sinto falta da energia das ruas. Meu sonho é fazer alta-costura mesmo. Esta coleção é "costura" com edição limitada. Fiz cada uma das roupas sob medida para as modelos. Me criticaram dizendo que não faço "prêt-à-porter". Pode ser – mas entrego as roupas todas!" (Galliano é criticado pelas entregas falhas, assim como Helmut Lang e Azzedine Alaia). Texto Anterior: O que elas querem é desossar o peru! Próximo Texto: Estilista é um grande esnobe Índice |
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