São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Exército faz sua primeira vítima no Rio

SERGIO TORRES; WAGNER MATHEUS
DA SUCURSAL DO RIO

WAGNER MATHEUS
O Exército fez sua primeira vítima fatal desde o início da Operação Rio. Alex Alexandre Teles Pacheco, 20, morreu anteontem à noite após ser atingido na cabeça por tiro de FAL (Fuzil Automático Leve) disparado por um dos militares que ocupavam o morro do Urubu, em Pilares (zona norte).
Segundo a versão militar, Pacheco tentou furar o cerco montado pela 20ª Companhia de Paraquedistas do Exército na rua Maria Benjamin, principal via de acesso à favela.
Pacheco dirigia o Marajó placas WF-7005 e teria, com o acompanhante Eduardo Antônio Maia, atirado contra os soldados.
Pessoas que testemunharam o episódio confirmaram a versão do Exército. Sem se identificar, moradores da favela disseram que os ocupantes do Marajó desceram o morro atirando, a fim de passar pela barreira militar.
Os paraquedistas teriam revidado os tiros. Pacheco e Maia foram baleados. Desgovernado, o Marajó atropelou a estudante Adriana Pereira de Oliveira, 15, e se chocou contra um táxi estacionado na rua.
Estilhaços dos vidros do táxi feriram Maria do Carmo Alves dos Santos, 39. Ela e Adriana foram medicadas no hospital Salgado Filho, sendo logo liberadas.
Pacheco morreu na hora. Maia foi levado ao Hospital Central do Exército (Benfica, zona norte). O Exército não informou o estado de saúde de Pacheco.
Moradores da favela disseram não conhecer Pacheco, que, segundo o Exército, estaria sem documentos.
A vítima foi identificada no Instituto Médico Legal pelas impressões digitais, comparadas com as fichas do Instituto Félix Pacheco, de registro de identidades. Até as 17h, nenhum parente havia estado no IML para reconhecer o corpo.
O Exército ocupou o Urubu na tarde de anteontem, com 150 homens. Uma equipe da Tropa de Choque da PM apoiou a ação.
A ocupação terminou à 1h15, após perícia realizada pelo diretor do Departamento de Polícia Técnica da Polícia Civil, Mauro Ricart.

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