São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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É hora de um balanço sereno, tricolor

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A diferença entre Guarani e São Paulo está no começo e no fim: enquanto o Guarani tem uma dupla de zaga sólida e um duo de goleadores implacáveis, o tricolor é falho nesses dois setores vitais. Resultado: Guarani 4, São Paulo 2, num jogo emocionante, cheio de alternativas e de pouca técnica.
Já a diferença entre Palmeiras e Bahia é, simplesmente, tudo. Enquanto o Palestra é um timaço, o Bahia é apenas esforçado. Resultado: Palmeiras 2, Bahia 1.

As alternâncias de ritmo e humores em Campinas, no sábado, foram determinadas pelo regulamento. O tricolor entrou precisando apenas do empate. Fechou-se, na esperança de que um lançamento de Sierra desse sentido ao único dom de Euller –a velocidade e nada mais. Sierra, porém, estava num dia torto. E o Guarani, que partiu para cima, com Edu Lima, impecável no vaivém pela esquerda, espicaçando a defesa tricolor por ali. Do outro lado, Sandoval acabou abrindo o placar, enfiando-se entre André e Murilo, que, por falta de total habilidade com o pé esquerdo, estava visivelmente constrangido na cobertura do seu lateral-esquerdo. Isso reverteu a situação, até que Aílton empatasse, nos descontos.
Foi um choque, que somado à perda de sua maior estrela, Amoroso, poderia ter liquidado o Guarani. Mas foi também o começo do fim do São Paulo. Sim, porque se o primeiro tempo tivesse terminado com o Guarani em vantagem, Telê teria feito no intervalo as substituições que as circunstâncias exigiam: Palhinha e Caio, nos lugares de Euller e Sierra.
Isso não evitaria o tricolor de tomar o segundo, o terceiro e talvez o quarto. A não ser que a regra permitisse mais duas substituições: Júnior Baiano e Murilo, péssimos. Mas daria chances de igualar-se ao inimigo.
Já o Bugre, finamente orientado por Carlos Alberto, seguiu a linha do vento. E coube a Júlio César e Valdeir, os dois que saíram do banco, definirem o jogo com gols estratégicos.

No Pacaembu, o Palmeiras, ainda que sem exibir um futebol cintilante, jogou para o gasto. Dominou a bola, os espaços e fez os gols necessários para assegurar sua passagem para as semifinais. É bem verdade que o gol de Evair foi irregular.
Mas é um dos raros casos em que o gol da vitória passa a ser irrelevante.
Também aqui ganhou o melhor. Tão melhor que anda dando sinais de extremo nervosismo, aquela irritabilidade própria do superior em confronto com o inferior. E isso não é nem um pouco irrelevante.

Fim de ano para um tricolor sem festa. Participou de todas, é verdade, mas não ganhou nenhuma. Hora, pois, de um balanço sereno. De auspicioso, o aparecimento de Denilson. De ruim, a falência das últimas contratações: Euller, Alemão, Aílton, Sierra e Axel, sem se falar no declínio de Palhinha. Desses, alguns me parecem aproveitáveis, como Axel e Alemão. Aílton é útil, mas Euller, de quem me disseram maravilhas em Minas, no máximo serve para a reserva de Catê.

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