São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994 |
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Kleiderman diverte na despretensão
MARISA ADÁN GIL
Mais do que uma curiosidade histórica (finalmente, dá para descobrir um pouco do que estava "lá dentro"), o disco do Kleiderman –formado por Sérgio Britto (guitarra e voz), Branco Mello (baixo e voz) e Roberta Parisi (bateria e voz)– é um triunfo. Soa diferente de Titãs (embora mais próximo do que o de Paulo Miklos, por exemplo), faz jus ao talento de seus dois ilustres integrantes e é divertido na sua despretensão. Musicalmente, Branco e Britto decidiram trabalhar com variações de punk –aqui e ali, pipocam guitarras e vocais pré-punk, mais lentos e pesados. Um baixo distorcido e vocais na garganta, sempre, ajudam a distanciá-los dos Titãs. As letras primam pelo humor e pela vocação "hardcore" (especialmente em "Lick My Dirt"). Há momentos divertidíssimos –o melhor é "Eu Vou Ficar Dopado", com uma letra que diz: "Tô cheirando, tô bebendo/Tô babando, tô fedendo/Tô bebendo, tô bebendo/Tô fudido, tô fedendo/Eu vou ficar dopado...". Na mesma linha, há "Nem Mãe, Nem Puta", de uma simplicidade comovente ("Todas as mulheres são loucas/A começar pela mãe da gente"). "Nojo" é uma das que chegam mais perto da origem dos rapazes: seu formato espiral lembra hits como "Cabeça Dinossauro" ou "Jesus Não tem Dentes no País dos Banguelas". Deve funcionar melhor ainda num palco. O mesmo vale para "Let me be your nightmare" –um punk a la Buzzcocks, bom de ouvir e cantar. Quem acompanha essa história desde os tempos dos Titãs do Iê-Iê-Iê vai se surpreender com "Não Quero Mudar", um lembrete de que eles já fizeram covers de hits da jovem guarda e gravaram coisas como "Sonífera Ilha" e "Insensível". Detalhe: é a única faixa light do pacote. O que os Titãs reservam para o futuro, ninguém sabe. Mas é bom saber que dois de seus mais competentes "performers" (e os mais vibrantes num palco) estão em plena forma. Disco: Kleiderman Lançamento: Warner Quanto: R$ 18 (o CD, em média) Texto Anterior: Crosby, Stills e Nash apostam no comodismo Próximo Texto: Ação e inação têm importância igual Índice |
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