São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Crosby, Stills e Nash apostam no comodismo

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash estão juntos há 25 anos. É um matrimônio musical repleto de idas e vindas, com abandonos e reconciliações. Para comemorar essa relação eles lançaram "After The Storm".
Mas, ao ouvir o disco, a impressão que fica é que Crosby, Stills e Nash é um daqueles casamentos que teve bons momentos no início e agora se arrastam por simples comodismo. Nenhum dos componentes teve coragem de deixar definitivamente o grupo.
O resultado é que entraram em decadência. Com o tempo eles foram perdendo a voz, o talento, e, o que é pior, o bom senso.
A faixa que encerra o disco é um exemplo. Em "Panama" eles abandonam o folk e descambam para ritmos caribenhos, apenas para contar a história de um amor de adolescência naquelas plagas.
Não é a única canção que flerta com a latinidad. Com a latinidad imaginada por eles, bem entendido. Crosby canta "Camera" e a letra passeia pelas "selvas da América do Sul", mas o ritmo morre em alguma praia do caribe.
Eles tentam modernizar seu estilo e erram a mão. "Only Waiting For You", que abre o disco, mescla sons de órgão hammond aos de um sintetizador. E traz aquele refrão que gruda no ouvido.
"Unequal Love" vem despida de "modernidades". Mostrando que eles soam melhor quando soam simples.
Não chega aos pés dos melhores momentos do grupo. Quando o trio era um quarteto com o guitarrista canadense Neil Young. A apresentação deles em Woodstock, em 69, registra essa fase.
Young foi esperto, saiu do grupo e construiu uma carreira solo respeitável junto ao Crazy Horse. Enquanto isso, Crosby, Stills e Nash preferem viver da fama.

Disco: "After The Storm"
Artista: Crosby, Stills e Nash
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 18 (o CD, em média)

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