São Paulo, segunda-feira, 5 de dezembro de 1994
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Europa debate seus conflitos em Budapeste

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Líderes de 53 países se reúnem hoje e amanhã em Budapeste (Hungria) para a cúpula da CSCE (Conferência para a Segurança e Cooperação na Europa).
A segurança européia também será discutida pelo presidente dos EUA, Bill Clinton, e pelo secretário-geral da ONU, Boutros-Boutros Ghali.
Estarão ainda presentes o secretário-geral da Otan (a aliança militar ocidental), Willy Claes, e o presidente da Rússia, Boris Ieltsin.
Líderes de países mediterrâneos, como Israel e Argélia, participarão de eventos paralelos.
A pedra de toque da reunião serão conflitos decorrentes do desmantelamento do império soviético, sobretudo na Bósnia.
Sexta-feira à noite, a Rússia usou seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para impedir maiores sanções e ataques da Otan aos sérvios na Bósnia.
Apesar do apoio da Rússia aos sérvios, o chamado grupo de contato (que também inclui EUA, Reino Unido, França e Alemanha) pretende conseguir em Budapeste um acordo entre o governo muçulmano da Bósnia e a Croácia.
Temeroso de ficar ainda mais isolado, Ieltsin lançou ontem um alerta: Acabamos de existir como dois blocos, mas estamos a ponto de voltar à mesma situação.
O presidente russo se referia à possibilidade de a CSCE enviar, pela primeira vez, tropas a uma região em conflito.
A região, no caso, seria o encrave armênio de Nagorno-Karabakh, em território do Azerbaijão. Mediação russa conseguiu em abril um cessar-fogo para sete anos de conflitos entre armênios e azeris. A proposta de enviar 3.000 soldados para a região divide opiniões.
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, afirmou ontem ao chegar a Budapeste que a força deve ter menos de 50% de soldados russos. A Rússia, por sua vez, teme interferência internacional em seus ex-satélites.
A Rússia também pretende conseguir na cúpula um mandato internacional para intervir em conflitos nos seus vizinhos Tchetchênia, Tadjiquistão e Abkházia.
O presidente da Tchetchênia, Dzhokar Dudayev, declarou a região independente da Rússia em 1991, iniciando conflito. Este fim-de-semana, tropas russas foram deslocadas para a fronteira.
Rebeldes islâmicos fugiram em 1992 do Tadjiquistão para o Afeganistão, após derrota para forças controladas por ex-comunistas. Com apoio russo, os ex-comunistas venceram em novembro eleição boicotada pela oposição.
Cerca de 5.000 soldados russos monitoram desde 1993 a fronteira entre a ex-república soviética da Geórgia e a região da Abkházia, controlada por separatistas.
Potências ocidentais são contrárias a reforçar os poderes da Rússia. O documento que os 53 países pretendem assinar, Rumo a uma Parceria Genuína em uma Nova Era, pode ser apenas irônico.

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