São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Pacto político explica sucesso

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O processo de concentração da propriedade rural nos EUA é de um gradualismo lento, com uma única e instrutiva exceção: entre 1950 e 1960, para a mesma área cultivada, o número de fazendas caiu em mais de 700 mil. Ao mesmo tempo, o tamanho médio pulou de 86 para 120 hectares.
Os anos 50 correspondem, de fato, à complementação do processo de modernização agrícola iniciado com o pós-Guerra, diz José Eli da Veiga, professor na FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP.
Ele é o autor de "Metamorfoses da Política Agrícola nos Estados Unidos", tese de livre-docência que estará sendo lançada ainda este mês em livro.
Parte da indústria química norte-americana, passada a mobilização bélica, converte-se para a produção de agrotóxicos, o mesmo acontecendo com a canalização da indústria mecânica para a motomecanização do campo.
Ocorreu um êxodo rural, mas não segundo a conhecida receita dos deslocamentos demográficos do Brasil, que levam o ex-camponês à marginalidade urbana. Nos anos 50, com o amplo aquecimento da economia norte-americana, a cidade atraia pela profusão de oportunidades e empregos.
Caberia também identificar as condições pelas quais alguns ficam e outros partem do campo. Para tanto, diz Veiga, os especialistas elaboraram a metáfora do "tapete rolante".
Ela é simples. Uma determinada vanguarda de agricultores adota a tecnologia disponível que, enquanto lhe for exclusiva, permitirá maior produtividade e bons lucros.
A seguir, uma segunda e bem mais maciça parcela de produtores copia o modelo, o que determina no aumento da oferta e na queda dos preços. A essa altura do processo, um terceiro segmento, que não acompanhou a modernização, é excluído e entrega os pontos.
No caso específico dos EUA, as terras não são compradas por grandes proprietários. Os compradores daquele período têm o perfil de médios proprietários.
Para Veiga a agricultura se dinamizou nos EUA em razão de um "pacto político", pelo qual a superprodução foi propositalmente gerada -com garantias aos fazendeiros-, para derrubar o preço dos alimentos.

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