São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Funcionários podem ganhar R$ 7.200 com a gratificação

WILLIAM FRANÇA; VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Novas distorções salariais estão sendo detectadas por setores do governo na segunda fase da isonomia assinada pelo presidente Itamar Franco. Desta vez, os beneficiados são procuradores da Fazenda, auditores fiscais e oficiais de alta patente.
Esses são os servidores melhor remunerados da área de fiscalização e entre civis e militares de nível superior.
Cerca de 5.500 fiscais da Receita Federal e de 600 procuradores da Fazenda passarão a ganhar uma gratificação que pode chegar a R$ 6.600.
Hoje o salário desses servidores, sem a gratificação, oscila entre R$ 600 e R$ 700. O objetivo é fazer com que o vencimento total (salário mais gratificação) chegue a 90% do salário de um ministro, ou seja, R$ 7.200 em janeiro –caso um ministro de Estado tenha seu salário elevado a R$ 8.000, como pretende o presidente eleito.
Os 90% são o máximo que a gratificação pode atingir. Por lei, os funcionários públicos federais não podem ter remuneração superior à de ministro de Estado.
Essas categorias, depois de sete anos, deixaram de ter as mesmas gratificações que os cerca de 4.500 fiscais e 1.800 procuradores da Previdência e 3.000 fiscais do Trabalho –que, com as mesmas funções e sem os novos benefícios, devem ganhar gratificação de R$ 4.315 em janeiro.
Entre civis e militares, as diferenças aparecem, por exemplo, em meio aos que fazem cursos de especialização. Um oficial que tenha um curso de altos estudos passará a receber 150% de gratificação. Um civil da carreira do magistério, que tenha doutorado –semelhante ao curso militar–, terá gratificações de 50%.
Em outra situação, algumas gratificações militares tiveram aumentos muito acima dos 20,3% anunciados pelo governo na sexta-feira. A de altos estudos passou de 30% para 150% do soldo e a de representação para oficiais generais saiu de 70% para 150%.
As três MPs (medidas provisórias) concedem ainda benefícios a alguns setores do funcionalismo. Entre eles, os cerca de 45 mil funcionários que foram demitidos pelo ex-presidente Collor e que foram readmitidos através da anistia.
Os demitidos passam agora a integrar o Regime Jurídico Único –passam a ter direito, por exemplo, a aposentadoria integral e estabilidade no emprego–, além de integrarem o PCC (Plano de Classificação de Cargos). Antes, por serem ligados a estatais, eram regidos pela CLT e aposentavam-se pelo INSS, além de não ter estabilidade.
Nesses casos também passam a se enquadrar aqueles servidores que tiveram seu vínculo empregatício legalmente reconhecido pela União Federal.
Na edição de sábado, a Folha adiantou que a isonomia havia criado uma supercategoria formada por servidores das carreiras de finanças, controle, orçamento e planejamento.
Aproximadamente 4.000 servidores desses setores terão até 80% de gratificação sobre seus salários.
Como essas distorções atingiram principalmente os servidores com melhor organização sindical, há sinais de que poderá ser desencadeada uma nova onda de greves no funcionalismo público, a partir de janeiro.

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