São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Itamar também foi fichado pelo Deops

GUSTAVO KRIEGER

Órgão investigou Maluf e Quércia

Reportagem Local
O presidente Itamar Franco também foi investigado pelo Deops (Departamento de Ordem Política e Social), suspeito de ligação com comunistas.
A informação está nos arquivos do Deops em São Paulo, que também apontam o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, como "ligado a movimentos esquerdistas".
Há várias anotações no dossiê de Itamar sobre o suposto apoio à sua candidatura pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro). A primeira é de 1974.
Os militantes comunistas Rodolfo Peano e José Pires foram presos com "farto material subversivo", segundo o Deops. Entre este material estariam documentos comprovando o apoio do PCB a Itamar.
Um documento de análise política, preparado pelo Deops em 1982, dizia que o futuro político de Itamar era incerto e que este enfrentava dificuldades para se impor dentro do PMDB de Minas Gerais.
A ficha de Itamar é mais leve qua a de integrantes do seu governo.
A Folha revelou no sábado, a ficha do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Pérsio Arida. Ele é descrito como "terrorista" por integrar a organizaçào de esquerda VAR-Palmares.
O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, também esteve na mira dos investigadores do Deops. Uma anotação de 1978 diz que Maluf era acusado de construir sem concorrência rodovia ligando São José dos Campos a Campos do Jordão.
O ex-governador de São Paulo e candidato derrotado à Presidência Orestes Quércia também foi seguido pelos investigadores do Deops.
Eles anotaram que Quércia distribuía panfletos "numa kombi sem placas" em Presidente Venceslau (SP), em maio de 74. Em setembro desse ano, o Deops registrou que o PCB apoiava Quércia, que concorria ao Senado pelo MDB.
No dia 17 de março de 76, o Deops registra uma declaração pública de Quércia, afirmando "nunca ter tido ligações" com qualquer "partido extremista".

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