São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Pearl Jam decepciona em disco marcado pela morte de Kurt Cobain

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

Desde que o Pearl Jam surpreendeu a todos com o sucesso da canção "Alive", dois anos atrás, parecia que esta banda de Seattle iria sobreviver muito mais tempo do que a moda "grunge".
O álbum de estréia, "Ten", trazia ainda as excelentes "Even Flow", "Black", "Once" e "Jeremy", para ficar apenas com as mais conhecidas. O Pearl Jam se tornava a mais agradável novidade do rock dos EUA, em alguns aspectos melhor que o próprio Nirvana.
Mas depois do segundo álbum, "Vs", que já não tinha a criatividade do anterior, o lançamento do terceiro trabalho, "Vitalogy", não pode ser comemorado com muito entusiasmo.
A maioria das canções do disco não teria lugar no álbum de estréia. Apesar de a banda se mostrar mais madura musicalmente e de o disco ser bem produzido, as composições decepcionam na maior parte dos casos.
O disco começa bastante pesado, com "Last Exit", referência à última saída escolhida em abril deste ano por Kurt Cobain. "Spin The Black Circle" mostra influência punk para falar de drogas. O resultado não é muito agradável.
Algumas músicas de "Vitalogy" são completamente dispensáveis, como "Pry To", "Bugs" e "Stupid Mop", que mostram que o vocalista Eddie Vedder continua perturbado com a morte de Cobain.
Mas, como o Pearl Jam ainda é uma grande banda, mesmo num disco apenas razoável existem boas músicas, como as baladas "Nothingman" e "Better Man".
"Immortality", a melhor canção do disco, completa o trio. "Tremor Christ" e "Corduroy" são bons rocks, mas não conseguem fazer do álbum uma obra-prima.
O lado bom de "Vitalogy" é que mantém o Pearl Jam vivo. O suicídio de Kurt Cobain, quando a banda estava em turnê pelos EUA, fez Vedder parar o que estava fazendo e pensar na vida.
Segundo ele, a morte de Cobain havia "mudado tudo". Havia o perigo do Pearl Jam desistir do mundo da fama, mas os rapazes resolveram descarregar tudo dentro do estúdio.
O resultado decepciona, mas pelo menos garante a continuidade do grupo, que ainda é o mais indicado para herdar o legado do Nirvana. Precisa apenas lançar álbuns melhores.

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