São Paulo, terça-feira, 6 de dezembro de 1994
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Sistema evita a utilização do pedal de embreagem

JOSÉ CARLOS CHAVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Pedal da embreagem pode se tornar coisa do passado dentro de alguns anos.
A indústria Sachs (fabricante de componentes de transmissão para veículos automotores) apresentou às montadoras nacionais um novo sistema eletrônico importado.
O dispositivo "aposenta" de vez o pedal de embreagem, como nos carros automáticos. Ele não elimina a mudança manual das marchas, ideal para motoristas que não aceitam abrir mão do controle sobre o veículo.
Transforma o câmbio mecânico convencional em semi-automático.
A grande novidade do sistema é eliminar o desconforto de acionar o pedal –com o pé– toda vez em que se vai trocar de marcha.
Outra vantagem é que o dispositivo torna a condução do automóvel menos cansativa em engarrafamentos ou no trânsito lento, nas ruas e em estradas, que exigem constantes mudanças.
Troca de marchas
Basta engatar a primeira e sair rodando. As trocas das outras marchas acontecem normalmente, liberando o pé direito para os pedais de freio e de acelerador. O pé esquerdo fica sem função.
O equipamento, desenvolvido e aperfeiçoado pela matriz alemã por dez anos, seria oferecido no início apenas para automóveis e somente como equipamento padrão de fábrica.
A Sachs revelou que os representantes das montadoras se mostraram animados com os testes desenvolvidos pelos engenheiros da indústria.
O gerente da engenharia da empresa, Walter Haertel Junior, estima que o sistema deve custar ao consumidor entre US$ 1.500 e US$ 2.000 mais barato que um câmbio automático.
Haertel diz que testes realizados em táxis europeus equipados com o dispositivo apontaram aumento de 20% da vida útil do disco de embreagem.
Autofolha avaliou a embreagem eletrônica, instalada pela fábrica –na Alemanha– em um Escort europeu RS de 16 válvulas.
A novidade começa no momento da partida. Se uma marcha –por acaso– estiver engatada, o sistema impede que motor seja ligado, como medida de segurança.
Elimina a possibilidade de, ao ser acionada a ignição, o automóvel se desloque provocando uma colisão.
Para sair, é só engatar a primeira –o sistema aceita, eventualmente, até a segunda marcha. Tentar sair em outra marcha, faz o sistema desengatar o câmbio, deixando o motor girar como se estivesse em ponto-morto.
As trocas são macias, graduais e tem as correções necessárias.
Em rampas, por exemplo, o equipamento solta a embreagem lentamente, evitando derrapagens.
Numa ladeira é possível manter o carro parado só com o uso do acelerador.
É como se houvesse um motorista experiente acionando o pedal de embreagem na hora certa e da maneira mais adequada.
Para trocar de marcha, uma leve desacelerada é suficiente.
Alivia-se um pouco a pressão sobre acelerador e a alavanca é liberada de uma marcha, pronta para ser engatada na seguinte.
Se o motorista descuidado engatar uma marcha mais longa –fora da sequência normal– o sistema desengata o câmbio.
Isso evita que o carro dê trancos ou que o motor "morra". Nesse caso, o motor continua funcionando. Só precisa colocar a marcha correta, acelerar e continuar rodando.
Nas arrancadas, quando o acelerador é pressionado até o fundo de uma só vez, o sistema ameniza um pouco as "cantadas" de pneu.
Haertel revelou que os representantes das montadoras se mostraram animados com testes feitos em pistas no Brasil.
O EKS também poderia ser instalado em caminhões e ônibus.
Na Europa, o dispositivo equipa desde setembro os modelos da série 900 da marca sueca Saab.
O sistema pode ainda receber vários tipos de opcionais como uma função antifurto (impedindo o engate de marchas) ou conjugado com freios ABS (antitravamento).
Outro opcional reduz o funcionamento do motor quando o carro fica parado por mais de cinco segundos, diminuindo o consumo de combustível (e a poluição) em congestionamentos.

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